Crianças gostam de brincar. De gritaria e corre-corre se fazem, afinal, as suas horas e os seus dias. Não raro, todavia, o barulho e o frenesi dão lugar à calma e ao pensamento inspirado em heróis, bruxas, duendes, mundos paralelos, e coisa e tal. É a fantasia que habita as mentes frescas, a mergulhar o ser ainda jovem num extasiante mar de aventuras. O imaginário das pessoas, aliás, permanece até o apagar das luzes de sua existência. Quiçá depois [Leia mais]
É inegável que o ser humano tenha realizado grandes feitos no tocante à evolução tecnológica, desde que descobriu a importância da energia elétrica e, sobretudo, como torná-la parte de sua vida. Antes, quando perambulava pelo distante mundo dos seus primeiros tempos, deslocava-se daqui para ali a pé. Depois, no lombo de animais, em veículos rudimentares de tração animal, em barcos tocados pelo vento... As notícias de então corriam de boca em boca, e, [Leia mais]
É madrugada, e o silêncio revela uma calma insuspeitada. O momento está carregado de uma normalidade inquieta que em nada se assemelha ao que se entende por normal em outras partes do mundo. Mesmo porque, ali qualquer som pode despertar a gente que teme o barulho, barulho qualquer. Isso por causa das bombas, tiros, gritaria... Eventos corriqueiros na vida de quem habita uma terra onde a morte violenta faz parte da história de cada um. Região onde o medo [Leia mais]
E finalmente uma corrida à clínica se fez necessária, para se averiguar o estado de saúde da pessoa amada, que vinha sentindo fortes dores abdominais. Uma vez lá, após rápida consulta com direito a apalpadelas nada afáveis na região da barriga, diagnosticou-se crise de apendicite. Falo aqui de inflamação num pedaço inútil que a caprichosa construção genética houve por bem instalar no corpo humano, a título, quem sabe, de conceder um bocadinho mais de [Leia mais]
Quando o figurão deixa o hotel, o alvoroço é enorme e o corre-corre, geral. Todos querem fotografá-lo, ouvir dele a resposta para suas perguntas ou de pergunta qualquer lançada ao ar por algum repórter ávido por um furo. O mesmo que, por estar mais próximo, privilégio de poucos, recebe uma palavra, aquela que é apanhada pelos outros, como se apanha uma bola em pleno voo. Acotovelam-se também quando o acusado de renome deixa o local onde acabara [Leia mais]
Li hoje um poema que nada mais é do que um desabafo, um provável grito de socorro. Um poema extenso e bem escrito por uma aluna que, a julgar pelas suas palavras, há muito perdera o gosto pela vida. Mal que vem acometendo cada vez mais pessoas nesses tempos modernos, em cujos braços repousam as expectativas de cada um. Qual a razão dessa tristeza crônica? Não se sabe ao certo. É possível mesmo que um conjunto delas forme um coquetel indigesto para [Leia mais]
Era uma vez um hacker... Era uma vez o quê? É algum tipo de bicho ou duende? – indagaria espantada a criança de outrora, diante da historinha que mal começava. Logicamente que em tempos idos só um conto futurístico haveria de ter uma personagem hacker. Além do mais, para se chegar a palavra tão estranha seria preciso antes entrar e explorar o tema internet e todo o universo advindo dele, o que, por si só, já seria tarefa das mais árduas e [Leia mais]
Tudo é alvoroço na favela quando a polícia chega. Quem é do pedaço sabe, por experiência, que uma visita dessas quase nunca inspira cordialidade. Mesmo porque, a segurança do povo que habita o lugar dificilmente está na agenda dos soldados. E é então que os corações acelerados vivem momentos de angústia, porque sabem que a violência, companheira fiel de todas as horas, os espreita. Quem ali deve à Justiça abandona rapidamente o perfil anfitrião, [Leia mais]
Saudade do tempo em que arroz com feijão era iguaria indispensável na mesa das famílias em geral. Prato que, em épocas de vacas gordas, podia ainda ser realçado com uma carne vermelha ou frango ou peixe, embora, quase sempre, ovo e batata protagonizavam o almoço e o jantar das casas mais simples. De qualquer forma, o que não podia faltar era a salada, isso não! Uma diversidade de folhas verdes e tomate que mainha temperava com cebola ou alho, vinagre e [Leia mais]
No início era desconhecimento, puro e simples. Não se pensava a respeito do clima, tampouco nas questões da Terra, este pequeno planeta que nos acolhe, eu e você. Depois, passou-se a conhecer um pouco sobre o assunto, apesar de que nada se fez para deter o ímpeto da engrenagem econômica, devoradora de mundos e de gente. Não era momento para se pensar nisso, afinal. Cientistas são mesmo obsecados por dados catastróficos e passam a vida afligindo as [Leia mais]
E o sujeito, então comandante de um rico e imenso país dos trópicos, pensou que pudesse dizer e desdizer, gritar acima de todas as vozes da Justiça, demonstrar que possuía uma força descomunal quando, na verdade, não dispunha dela. Imaginou-se até líder supremo de um lugar onde não houvesse força contrária aos seus ideais de puro despotismo. Imaginou-se chefe de tudo e de todos, senhor dos destinos de toda uma população, capaz de ditar os rumos da [Leia mais]
O Planalto articula com este, não se entende com aquele, libera grossa verba para contemplar emendas... Corre para cá, corre para lá... Conversa, insiste, argumenta... Exaure suas forças em prol de um ideal democrático. Acontece que precisa buscar uma forma de executar seus planos que, segundo ele, visam tão somente o bem do povo. As verbas, aliás, servem para amaciar a fala daquele que dará o voto e se mostra contrário a tudo o que vem do Executivo ora [Leia mais]
Iniciar uma crônica confessando uma inquietação não me parece de bom tom, admito. Mesmo assim, sinto necessidade de dividir com o amigo esse pensamento meio torto com relação ao futuro que se descortina feito aurora em dia de céu aberto. Preocupame sobremaneira os jovens e os muito jovens que navegam nesse mar que, no momento, se nos apresenta revolto. Falo deles, porque a minha profissão me coloca em contato direto com a geração que começa a galgar os [Leia mais]
Descobriram um esquema “pra lá de brabo” – como se dizia antigamente – no futebol. Aliás, esquema é o que não falta onde a dinheirama rola solta. Penso até que demorou para que a praga contaminasse também os gramados. Apesar de que, convenhamos, a prática não é assim tão recente no esporte bretão. Copa do Mundo, por exemplo, é certame que, aos poucos, foi me fazendo perder o entusiasmo, uma vez que a mala cheia, há muito, vem premiando bons selecionados [Leia mais]
Houve um tempo em que telefone era luxo, privilégio de poucas famílias. Tanto é que, quando, numa emergência, necessitava-se falar com um parente distante, apelava-se logo para o vizinho, qualquer coisa mais abastado, que, cortesmente, cedia por um breve instante o aparelho tão cobiçado na época. A chamada interurbana era, então, solicitada a uma telefonista, a quem era informado o número de alguém da vizinhança do tal parente, que gentilmente [Leia mais]
Internet é lugar de aparência clara como um dia de primavera. Quem conhece há de concordar. Não fosse o seu lado obscuro, até que a navegação ali encontraria sempre águas calmas. Basta, no entanto, que se dê um passeio pelos seus meandros para se notar que nem tudo ali remete à calmaria. Falo de um lugar em que muitos olhos e ouvidos perscrutam dia e noite em busca de algo que lhes preencham o vazio que tomou conta de suas vidas desde a invenção [Leia mais]
É tarde para se pensar numa mudança de rumo. É o que propagam alguns, para quem a vontade e a determinação devem estar atreladas aos cabelos pretos e ao viço da pele. Engano de quem tem a convicção de que a vida dura somente até o aparecimento dos primeiros sinais da meia idade, de que sonhos e planos devem povoar só a mente da garotada, de que a partir da maturidade só resta ao ser humano se aposentar. A inteligência miúda parece não conceber a [Leia mais]
Muita coisa nessa vida ainda me causa estranheza, apesar de toda a experiência adquirida em anos de estrada. Experiência que me alerta sobre a necessidade de estar preparado para assistir às mais descabidas atitudes humanas de aqui e de acolá. Afinal, já se viu de tudo neste mundo: de situações ridículas e hilariantes a cenas grotescas do cotidiano protagonizadas, sobretudo, pela violência. Chamo de estranhos alguns acontecimentos, dada a minha [Leia mais]
Repentinamente, uma terra devastada por mais de uma década de guerra se vê frente a frente com um terremoto de magnitude mortal. Dezenas de milhares, sobreviventes de batalhas insanas, sucumbem, então, ao sismo que veio das profundezas para tirar o sono de quem já não dormia. Muito se falou a respeito até que tudo começou a voltar para a normalidade do front doméstico. Os mortos foram contabilizados, e sepultado o que sobrou deles. Dias depois, [Leia mais]
O homem caminha pelo calçamento irregular. Aparentemente não se importa com as antigas pedras, polidas pelo ir e vir de pessoas por décadas, senão séculos, considerando a idade do lugar. Os anos dourados lhe são agora figuras desbotadas na mente. É o que me revelam a sua aparência e seus passos incertos. Não sei bem, mas penso que a presença do sujeito, numa rua qualquer da Espanha, tenha voltado meu olhar para os dias que se vão feito locomotivas. [Leia mais]
O povo originário do meu país anda mesmo abandonado, como abandonado tem sido ao longo de toda a sua história. O flagelo começou quando da chegada do homem branco cá por estas paragens. Trazia consigo, o viajante, objetos curiosos e fala carregada de santidade. Diga-se de passagem, o abandono, naquele momento, teria sido deveras providencial, tendo em vista que o verdadeiro martírio desses povos começou com a conquista de seu vasto e belo território [Leia mais]
Parafraseando aqui o presidente que acaba de assumir o poder, nunca antes na história desse país se assistiu a cenas tão lamentáveis no tocante a ameaças antidemocráticas. O sinistro teve lugar lá no palco onde o poder dá as cartas. Os golpistas finalmente levaram a cabo o seu intento de vandalizar os palácios do planalto central do país, não se sabe bem o porquê, uma vez que o pleito foi consumado, foi eleito novo chefe da nação e novo governo se [Leia mais]
Domingo o presidente diplomado toma posse. Entenda que não me deixa assim tão à vontade a derrapada no tempo verbal. Abuso dela aqui, porque sua aparência, aos poucos, ganha contornos de normalidade e consequente aceitação pela norma culta desse idioma, além de já fazer parte de um estilo. Não que a minha birra tenha mais importância do que o evento que está prestes a acontecer em solo Tupinambá. Isso não. Mesmo porque, a imensa pátria mergulha agora [Leia mais]
Brasil, mais uma vez, foi desclassificado em uma copa do mundo de futebol. Certamente houve quem chorasse. Mas, como diz o velho ditado: a vida que segue. Eu assisti a três conquistas em meio a tantas derrotas que me entristeceram, e muito. Todavia, com o passar dos anos, acabei percebendo que a minha existência era cercada de eventos bem mais importantes e interessantes do que um certame futebolístico. Hoje já não sofro. Torço sim, mas quanto a [Leia mais]
O ídolo de gerações no Brasil e no mundo, de repente, tem de provar que um clássico seu, produzido há décadas, de fato é composição sua. Como assim?! indagam as pessoas que viveram essa época de ouro da música brasileira. Outro ícone da música do meu país, tão grande quanto, foi agredido verbalmente por um sujeito de mentalidade miúda, incapaz de compreender a importância da arte e, sobretudo, do respeito ao próximo. É notório que o agressor também [Leia mais]