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Ímpério em ruínas
Rodolfo de Souza
09/10/2024 | 21:47
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Seri


O império vê ruir as suas paredes, pouco a pouco. Grossas paredes de pedra que lhe deram, por décadas, proteção e sustentação aos seus projetos de poder e lhe permitiram estender seus tentáculos para os quatro cantos do mundo, interferindo habilmente nas vidas de populações inteiras. Ainda hoje, desde que esta interferência atenda aos seus planos de conquista e tomada de mais poder, continua a invadir, normalmente à sorrelfa, o quintal alheio com a desculpa de promover ali a democracia que não está sendo observada com o devido cuidado pelo governo local. É esse, afinal, o pretexto de que se serve o caquético Tio Sam. 

Todavia, a história não nos deixa esquecer de que grandes impérios um dia cresceram, conquistaram à força povos e territórios, submeteram muita gente ao seu jugo, depois caíram; se espatifaram por causa do seu tamanho descomunal que, em dado momento, lhes cerceou a caminhada, fazendo com que tropeçassem nas próprias pernas. 

E, tudo indica, estamos prestes a assistir a outra derrocada, dado um acontecimento, um tanto recente, que veio para abalar a estrutura do grande império dos tempos modernos. Vinha este desfrutando tranquilo do conforto de seu trono, imerso no seu jogo de manipulações políticas aqui e ali, quando, de tão sossegado, acabou cochilando e, ao acordar, percebeu que alguns reinos que jaziam debaixo de suas botas lustradas ainda respiravam, e que um broto verde de esperança surgia, desafiador, em meio ao desalento.

E foi então que, indiferente à cara feia do monarca, esse grupo se uniu numa aliança jamais imaginada por aquele que se considerava imbatível.

E o cenário que se nos apresenta agora, escancara ao mundo o fato de que o tal grupo, além das nações que o compuseram inicialmente, vem arrebanhando outras, cresceu economicamente e também em poderio bélico, por que não, demonstrando uma força jamais pensada há poucas décadas. Até o dinheiro do grande império, usado sempre para comercialização em todo canto da Terra, vem deixando de ser utilizado para dar lugar às moedas dos países que negociam entre si. 

A hegemonia do império parece, pois, definhar a olhos vistos, embora ninguém espera que este jogue a toalha facilmente. Mesmo porque, apoia a matança no Oriente Médio, fornecendo armas e comparecendo com seus navios carregados de foguetes e aviões. Tudo para fomentar a sede de poder do tirano que devora nações e massacra sua gente. Suspeito até que o império decadente pretenda, com sua persistência em promover a morte por atacado naquela região, criar um rebuliço geral com a finalidade de deitar por terra a expansão do novo grupo de nações que, tudo indica, pretende estabelecer uma nova ordem mundial. 

O bicho encontra-se ferido, afinal, razão pela qual parte para o ataque sem pensar nas consequências. Deseja, pelo andar da carruagem, colocar fogo no mundo para talvez causar uma reviravolta que venha a deter as ações do novo grupo, que cresce a olhos vistos e ameaça engolir o seu poderio já um tanto desgastado.

Seria o tudo ou nada, antigo jargão popular que sobrevive por causa de pessoas, gente de carne e osso como nós, que não aceita a perda de algo valioso, sobretudo, tão valioso quanto o poder.




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