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E novamente singramos pelas águas revoltas de um ano em que candidatos se apresentam ao eleitor com o intuito de conquistá-lo e tirar dele o precioso voto. Tentam meter-lhe goela abaixo que a sua disposição em ocupar uma cadeira na câmara municipal ou mesmo no executivo é cercada de boas intenções, competência, honestidade e, sobretudo, trabalho. Aliás, trabalho é termo que não pode, de forma alguma, faltar numa campanha política. Tampouco honestidade. Mas por que é necessário se prometer honestidade, uma vez que não há mérito em ser honesto, somente obrigação? Mas é que o cargo, desde tempos imemoriais, não inspira lá muita confiança, convenhamos.
Mas por que falo de águas turbulentas se a calmaria é enorme no vasto oceano da política? Nunca foi tão fácil levar o povão no bico como nos dias de hoje, afinal. Em tempos idos, isso também não era tarefa das mais difíceis. Entretanto, em dias atuais, com o aparato da internet, a condução da gente de parco saber ao matadouro, tornou-se ainda mais fácil. Tarefa até um tanto prazerosa para aqueles que, por possuírem o domínio das imagens, do som e da palavra, normalmente mentirosa, num vasto campo tecnológico, com habilidade levam as massas a acreditarem na sua conversa fiada.
Antes, a televisão se encarregava desse papel. Agora contamos com a presença, por exemplo, do influencer, garboso nome do sujeito de ambos os sexos que tem como ofício levar no papo aquela gente que abandonou cedo os bancos escolares, que jamais leu um único livro, enfim, que é tosca como um batente de porta. E é justamente esse povo que leva o tal influencer a ganhar rios de dinheiro e, quiçá, o poder.
Cartazes, bandeiras e bandeirolas já se espalham pela cidade. Coloco cidade no singular, porque me refiro à minha. Claro que o mesmo fenômeno se dá, neste exato momento, em mais de cinco mil municípios espalhados por este imenso e idolatrado sertão.
Admito, aliás, que me causa certa estranheza observar o material de campanha. Quando os vejo nas esquinas da vida, imagino sempre estar diante de rostos iguais uns aos outros. Talvez por causa do semblante de largo sorriso, resplandecente de furor por estarem prestes a colocar a mão na coisa pública, é que o sinistro tem esse efeito. Assim, homens ou mulheres, jovens ou velhos, todos se parecem, como se víssemos uma única face. Poderia, inclusive, ser dado a esse sentimento funesto o nome de “cara de político”.
Mesmo na TV, quando começa o tão aguardado horário eleitoral, se o caro leitor observar bem, notará os mesmos sorrisos, os mesmos gestos com o corpo e com as mãos... Tudo muito bem ensaiado para levar a pessoa que assiste a acreditar na boa intenção do indivíduo que lhe dirige a palavra. E, apesar do desgaste atual dessa encenação toda, noto que o povo continua a eleger os piores elementos para governos municipais, estaduais e federais. Será por causa dos jingles? Não, não é possível! Eles são horríveis! Então, qual a razão? Ah! A falta de conhecimento da maior parte da população. Populacho, como diz Chico em sua canção.
Sobra, pois, pouca esperança, caro leitor. O jeito é jogar a toalha, já que a educação nunca andou tão em baixa neste país como vemos agora.
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