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A era do ódio
Rodolfo de Souza
25/09/2024 | 21:37
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Fernandes


Tenho pensado muito ultimamente... aliás, tenho me atormentado, devo admitir. Fato é que o turbilhão mental que me acomete noite e dia vem da percepção de que a inteligência humana nunca esteve tão deteriorada, tão à beira da ruína total como se tem visto nesses tempos de modernidade e tecnologia.

Não é segredo que a internet tem contribuído barbaramente para que o fenômeno ganhe proporções alarmantes. Trata-se de um paradoxo, afinal, falamos de uma extraordinária ferramenta de pesquisa, trabalho e estudo, que deveria ser uma fonte de água limpa e abundante no processo da evolução humana. Entretanto, o avesso de tudo o que é sensato vem ganhando protagonismo nas redes sociais, que surgiram a partir dela, do advento sobre o qual caminha a humanidade neste exato momento em que refletimos, eu e você, a respeito.

Houve quem fizesse comentário pertinente sobre o problema ter se originado a partir do momento em que o indivíduo pouco ou nada propenso ao avanço intelectual, sem um fiapo sequer de apreço pela leitura, incapaz, portanto, de compreender um texto redigido no seu idioma, se lançou a uma aventura sem precedentes na história. Gente que tem agora nas mãos algo poderoso que, na verdade, desconhece e que lhe serve unicamente para a diversão e para o entretenimento de sua mente vazia. Fofocas, influenciadores que o conduzem por trilhas perigosas que sempre acabam em abismos... banalidades de um modo geral e muita sujeira, hipnotizam o incauto navegante, que vê em tudo aquilo uma oportunidade para se manter antenado e plugado no papo com seus pares. Privilegia, pois, todo o lixo que desce rio abaixo, uma vez que se afina com ele. 

Diga-se de passagem, não se tinha ideia da avalanche de pessoas de todas as idades que viriam a consumir tanta porcaria despejada diuturnamente na rede. Fenômeno este que também virou máquina de fazer dinheiro. Muita gente enriquecendo, porque tem habilidade em produzir o besteirol que a população sem inteligência refinada se regozija em consumir.

A queda para a traição, para a sabotagem, para as tocaias, para a mentira há muito habita o coração humano, isso é inquestionável. Todo tipo de sentimento vil como inveja, obsessão pelo poder, preconceito e outros sempre causaram desgraças por sobre o solo deste rico e único planeta. Entretanto, a tecnologia, tendo alcançado o ponto de desenvolvimento que alcançou, permitiu ao homem também aperfeiçoar os meios pelos quais haveria de fazer evoluir e espalhar a sua insensatez. A internet ofereceu-lhe recursos, os mais variados, para torná-lo um troglodita ainda mais primitivo do que os de passado remoto, capaz de propagar em tempo real toda a maldade incontida diante da tela com alcance ilimitado.

E, convenhamos, toda a insanidade tecnológica ora em vigor vem favorecendo a disseminação do ódio aos quatro cantos da Terra. E, com o surgimento e aperfeiçoamento acelerado da já famosa Inteligência Artificial, o horizonte se nos apresenta ainda mais nefasto. Basta que se observe o que acontece agora e se constate, perplexo, o que nos aguarda em breve espaço de tempo.

Chegará, por fim, o momento em que o ser humano dotado de alguma inteligência natural, fugirá da internet e de tudo que dela advém, como o diabo foge da cruz.




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