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Após cinco meses, sofrimento de vítimas de incêndio na Di-All permanece

Famílias alegam que processo é lento; para advogado
da empresa, situação corre de maneira tranquila

Fabiana Chiachiri
Do Diário do Grande ABC
27/08/2009 | 07:27
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Mudar de vida da noite para o dia. Foi isso que aconteceu com 24 famílias do Jardim Ruyce, em Diadema. Elas não ganharam na loteria. Pelo contrário. Há cinco meses vivem angustiadas e sem saber o que fazer. Ao olhar para suas casas destruídas pelas chamas que se alastraram da empresa Di-All Química o único sentimento que vem é tristeza.

Para o advogado da empresa, o processo corre de maneira tranquila. "Os sócios estão com boas intenções e já começaram a reforma de algumas casas. Foram fechados 14 acordos. Cinco foram devolvidos por falta de documentos e cinco estão em análise", explicou Ruben Seidl.

Para aqueles que perderam praticamente tudo, as coisas seguem a passos lentos. "É humilhante ter de implorar por cesta básica. A Prefeitura prometeu pagar bolsa-aluguel de R$ 300 por seis meses. Amanhã (hoje) completam cinco meses que estamos nessa situação e nem começaram a mexer na minha casa", disse Vera Lúcia Rodrigues da Silveira, 44 anos, que está desempregada e tenta manter a família com as parcelas do seguro-desemprego.

A família de Vera Lúcia foi uma das mais prejudicadas. Perdeu todos os eletrodomésticos, roupas, móveis e a maior parte da estrutura da casa foi danificada. "Estamos todos amontoados em um cômodo. Meus filhos estão brigando por conta desta situação. A resposta que recebo é que falta laudo da perícia para resolverem se vão derrubar ou reformar", desabafou.

Com os olhos marejados, a dona de casa relembra o fatídico dia 27 de março. "Meu marido se preparava para levar meu filho mais velho na escola, quando começaram as explosões. Estava dormindo com o mais novo. Saímos correndo no meio das labaredas que escorriam pela rua. Um vizinho teve de pegar meu marido no colo, pois ele não conseguia andar", contou.

Por problemas cardíacos, o aposentado Wellington Duarte Silva, 65 anos, ficou com sequelas em uma das pernas. Mesmo com dificuldades para andar, antes do incêndio ele tinha uma vida normal. "Saía de carro, levava os meninos para a escola e ia ao supermercado. Hoje dependo da muleta para me locomover. O que sobrou do meu carro continua na garagem. É muito triste ver um sonho destruído", contou. O casal e dois filhos haviam se mudado para a casa oito meses antes do incêndio.




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