Agentes da Secretaria de Saúde de Diadema passaram ontem na Rua Ouro, no Jardim Campanário, onde viviam as duas vítimas fatais da gripe suína na região. Distribuíram panfletos, conversaram com as pessoas e tentaram tranquilizar a todos a respeito da contaminação pelo vírus influenza A (H1N1).

A presença de agentes fornecendo informações e esclarecendo dúvidas era uma reivindicação de todos na rua, desde que a primeira moradora, uma menina de 1 ano e meio, faleceu no dia 18. No sábado, a dona de casa Everaldina Jesus Morato, 56, também morreu contaminada pelo vírus.

A comerciante Gislaine Cabral, 22, achou oportuna a presença de representantes da Saúde. "É importante que eles tenham vindo. Muitas vezes, a população recebe só o folheto e não se dispõe a perguntar, quando surgem dúvidas", afirma.

O preconceito é um dos obstáculos a serem superados. Muitos passam em frente às casas onde moravam as duas vítimas fatais da doença e cobrem o rosto. Outros fazem piadas e brincadeiras que incomodam bastante os familiares. "Claro que temos medo da doença, mas fico muito triste com certas atitudes de quem anda por aqui", diz a desempregada Ana Paula Martins Tata, 18.

Entre os parentes, a indignação ainda se mantém. A avaliação de todos é de que as informações chegaram tarde demais, especialmente no caso da dona de casa, que manifestou os primeiros sintomas após a morte da menina de 1 ano e meio. "A minha mulher era bastante curiosa. Tenho certeza de que iria ler o folheto e questionaria na hora do atendimento", afirmou o porteiro Arnaldo Morato, 51.

A entrevista descontraída do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, segunda-feira, no programa de Jô Soares, também deixou irritados os familiares da dona de casa morta. "Parece que minha mãe é apenas um número, um dado a mais na estatística", reclamou a conferente desempregada Jussara Morato, 27 anos.