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Terceirização não dará alívio ao Nardini

Expectativa é de que quatro meses se passem entre aprovação da lei e contratação de uma organização

William Cardoso
Do Diário do Grande ABC
21/06/2009 | 07:55
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A Câmara de Mauá aprovou a terceirização do Hospital Doutor Radamés Nardini nesta semana, mas as mudanças não devem ser sentidas tão cedo pela população do município. A expectativa é de que quatro meses se passem entre a aprovação da lei e a contratação de uma OSS (Organização Social de Saúde) para gerir a unidade.

A administração municipal foi questionada sobre o que pretende fazer neste hiato até a entrada em ação da OSS (a Unifesp ou, mais provavelmente, a Fundação do ABC). Porém, não informou quais os planos a serem postos em prática nos próximos meses.

Especialistas ouvidos pelo Diário ao longo dos últimos meses apontaram a entrada de uma OSS como a solução mais adequada para o Nardini. Mesmo assim, é algo que não deve surtir efeito pleno em curto prazo.

Em março, o presidente da Fundação do ABC, Marco Antonio Espósito, falou sobre o interesse da entidade em atuar no hospital de Mauá. Dentro de um quadro realista, explicou que para resolver plenamente os problemas do Nardini seriam necessários entre 18 e 24 meses, após a entrada em ação da OSS.

O período de um e meio a dois anos é estimado como o suficiente para deixar o hospital em condições ideais de funcionamento. O Nardini, porém, "sairia da UTI" em um prazo mais curto, com melhorias perceptíveis pela população já nos primeiros meses após a chegada da OSS.

Para que as ações sejam de fato sentidas, serão necessárias reformas no prédio, que pertence ao governo estadual, como atestado pela Justiça. A autorização para as mudanças e até mesmo o eventual financiamento dos custos devem partir da Secretaria de Estado da Saúde.

No Poder Judiciário, a ação civil pública movida contra a administração municipal ainda em 2007 segue sem solução em vista. O Ministério Público solicitou novas vistorias por conselhos de medicina, enfermagem e odontologia. A intenção é saber em que medida a Prefeitura descumpriu a decisão judicial, que pede a regularização do atendimento.

O promotor responsável pelo caso, Renato Arruda Neto, tomou conhecimento da aprovação pela Câmara da terceirização do Nardini. Pediu então esclarecimentos à Prefeitura sobre o teor da mudança. Ainda aguarda a resposta para se manifestar.

Situação ainda é crítica e população reclama da demora
A solução ainda não chegou (e deve demorar mais até surgir definitivamente). Enquanto isso, os moradores de Mauá ainda sofrem com a precariedade no atendimento do Hospital Doutor Radamés Nardini.

O Diário esteve no hospital e presenciou o incômodo que persiste e gera críticas entre a população. Na sexta-feira, a espera para ser recebido por um clínico-geral chegava a aproximadamente quatro horas.

A atendente Meire Santos da Silva, 18 anos, chegou ao hospital por volta das 13h. Já se aproximava das 16h e ainda não havia passado pelo clínico-geral. Estava com conjuntivite. "Tem gente que chegou às 11h, e que acabaram de chamar. Nem sei quando serei atendida", lamentou.

O pintor Edson Januário, 39, chegou por volta das 10h, mas apenas foi medicado cerca de cinco horas depois. "Fizeram a ficha e esperei. Passei pelo médico depois das 13h30, mas fui receber a injeção de Buscopan agora", disse. Ele deixou o hospital com dores no lado esquerdo do abdômen.

Na recepção do Nardini, muita reclamação e moradores impacientes com a demora para receber atendimento. Todos sem remédio para a falta de esperança que assola a população.




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