Setecidades Titulo Habitação
Moradores deixam imóveis antes
da reintegração no Jd.Sto.André

Remoção de 86 famílias que vivem no bairro de Santo
André está marcada para esta quarta, a partir das 6h

Cadu Proieti
do Diário do Grande ABC
13/03/2013 | 07:00
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Famílias que moram no Jardim Santo André, em Santo André, iniciaram ontem a desocupação das casas em que viviam, antecipando a reintegração de posse marcada para hoje. A partir das 6h, 86 imóveis localizados nos núcleos Lamartine e Dominicanos terão de ser esvaziados.

Esta será a primeira ação realizada em 2013 do processo que vem se arrastando desde o ano passado para desocupação de aproximadamente 300 edificações no bairro.

Na tarde de ontem, o aposentado José Nascimento Xavier da Silva, 52 anos, conhecido por toda a vizinhança como Zé Tintinha, já havia desocupado toda a residência. Por volta das 16h30, só faltava tirar os portões e janelas de alumínio, que serão reutilizados. "Se é mandado da Justiça, não tenho mais o que fazer. O jeito é sair antes. Agora, tenho que arrumar outro lugar para morar e começar tudo do zero."

Com poucas opções de locação na região, Zé Tintinha resolveu alugar um galpão em São Vicente, no litoral paulista, para levar os pertences, além do estoque do bar que tinha na frente de casa para ajudar na renda da casa. Parte dos 11 familiares que viviam no local já está morando provisoriamente na Baixada Santista.

"Procurei vários lugares, mas por aqui está muito caro. Não tenho como deixar meus filhos e netos na rua. Por isso, os levei para lá. Morei minha vida toda em Santo André, mas agora tenho que recomeçar em outra cidade."

Segundo a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), que moveu o processo de reintegração, as famílias incluídas nos critérios de atendimento pactuados entre a estatal, a Prefeitura e o Ministério Público terão auxílio-moradia mensal de R$ 380 até receberem a moradia definitiva.

A Prefeitura informou que os munícipes que não tiverem para onde ir serão encaminhados para o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) Vila Luzita, onde será avaliada a situação de vulnerabilidade de cada família e tomadas as medidas necessárias para cada caso. A administração municipal preferiu não divulgar o endereço do possível alojamento provisório que irá receber os moradores desalojados para não expor as famílias.

O comerciante Mateus Magalhães, 34, dono de uma das poucas padarias do bairro, teve de desocupar seu estabelecimento na tarde de ontem. Como a CDHU não indeniza áreas comerciais, ele ficou sem estrutura para o ganha-pão da família. "Levei a mercadoria para a garagem de casa, aqui no bairo mesmo, mas ainda não sei o que fazer. Por enquanto, as cinco pessoas da minha família que trabalhavam aqui comigo estão desempregadas. Já tive prejuízo de R$100 mil", disse Magalhães.

A Polícia Militar fará a segurança da operação com aproximadamente 100 homens. "Como alguns moradores anteciparam a saída, acredito que a ação seja realizada sem problemas", disse o capitão Luiz Roberto Moraes, que estará à frente da ação.




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