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Disco de Dorival Caymmi reúne ícones da música popular
28/02/2014 | 08:00
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As celebrações que envolvem o centenário de nascimento de Dorival Caymmi (1914-2008) tiveram início em 2013 e vão se estender até o ano que vem. Dentre as várias comemorações programadas para homenagear o músico baiano, nenhuma delas terá tanto peso quanto o disco Dorival Caymmi - Centenário, cujas gravações começaram na semana retrasada e vão se estender até meados de março.

O álbum, com previsão para ser lançado pela gravadora Biscoito Fino ainda no primeiro semestre deste ano, vai reunir clássicos de Caymmi interpretados por seus filhos Nana, Dori e Danilo, além das vozes de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil. É a primeira vez em 22 anos que um projeto fonográfico consegue reunir estes três ícones da música popular brasileira em uma mesma faixa. A última foi em 1992, quando eles cantaram a música Bluesette, no disco The Brasil Project, do gaitista belga Toots Thielemans.

"Eu liguei pessoalmente para os três, que aceitaram o convite. O Chico foi de uma gentileza incrível, é muito desapegado. Uma vez, perguntaram para o papai: ?Caymmi, o que há de novo??. Ele respondeu: ?Chico Buarque de Hollanda?", diz Dori. "E sou conhecido do Gil e do Caetano daquela Bahia dos anos 1960. Eu queria reunir os três maiores expoentes da minha geração em termos de popularidade. E disse a eles: vocês já falaram muito do papai, agora está na hora de prestarem serviços ao velho cantando", conta Dori, que assina metade dos arranjos do disco, a cujo repertório o jornal O Estado de S.Paulo teve acesso com exclusividade.

O restante das músicas foi arranjado por Mario Adnet. As conversas entre os dois arranjadores sobre o projeto tiveram início em 2011, logo depois de Adnet lançar o disco Vinicius & Os Maestros.

"Em 1999, eu entrevistei Dorival para uma matéria sobre os seus 85 anos. Antes, eu tinha feito o arranjo de Maracangalha, que o Tom acabou gravando no último disco, Antonio Brasileiro (1994). E Dorival me disse baixinho: ?Conte com o velho para o que você precisar?. Sinto a maior gratidão por essas palavras e certamente estou contando com a ajuda dele agora", comenta Adnet.

O violonista fez os arranjos de sete composições do Dorival para o disco, entre elas, A Vizinha do Lado, que será cantada pelo próprio Adnet. Ele ainda arranjou Canção da Partida (com todos cantando), Dora, que será interpretada por Chico, João Valentão, por Dori, Sargaço Mar, por Nana, Saudade da Bahia, por Caetano, e Samba da Minha Terra, por Gil.

"Sempre que vou fazer um trabalho desses, faço uma imersão, pesquiso, ouço as gravações originais, o Caymmi tocando. O Dori é filho, já tem a intimidade com a obra de Dorival por osmose. Eu sinto mais o peso da responsabilidade, não estou aqui para desconstruir ninguém. Tenho sentimento em relação à memória", diz Adnet. "Existe uma comparação boa entre o Caymmi, na música, o Jorge Amado, na literatura, e o Carybé, na pintura. Vamos tentar passar essa coisa bonita das cores do Carybé, a riqueza da palavra singela do Jorge Amado", completa o arranjador.

Já Dori assina outros oito arranjos, entre eles, O Bem do Mar, cantada por ele, que também arranjou A Lenda do Abaeté, por Nana, Marina, por Chico, Nem Eu e Vatapá, por Danilo, Rosa Morena, por Gil, Sábado em Copacabana, por Caetano, e O Que É Que a Baiana Tem?, nas vozes de Chico, Gil e Caetano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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