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Cinema grátis e sobre rodas chega à região

Casal de cineastas Laís Bodanzky e Luís Bolognesi celebra consolidação de história de amor à sétima arte

Ângela Corrêa
Do Diário do Grande ABC
19/05/2008 | 07:50
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O casal paulista de cineastas Laís Bodanzky e Luís Bolognesi (respectivamente diretora e roteirista de O Bicho de Sete Cabeças, de 2001, e do recente Chega de Saudade) celebra nesta segunda-feira a consolidação de uma história de amor à sétima arte que começou pelo menos há 12 anos. O Cine Tela Brasil, projeto da dupla pelo qual comunidades carentes são visitadas por salas itinerantes que exibem gratuitamente títulos brasileiros, ganha mais uma unidade nesta segunda. A iniciativa é patrocinada pela CCR - Cultura nas Estradas há quatro anos e, mais recentemente, pela Fundação Telefônica.

Depois da ‘inauguração', às 14h desta segunda, no Parque do Ibirapuera, as ‘salas' se dividem e ganham novos destinos. Uma delas partirá para Jundiaí, a outra ficará, de 28 a 30 deste mês, estacionada no Jardim Inamar, em Diadema. Em seguida, pára no campo de um alojamento no Jardim Santo André, em Santo André entre 4 e 6 de junho.

Os filmes exibidos na região serão Tainá 2, Saneamento Básico, Fica Comigo Esta Noite e O Mundo em Duas Voltas, documentário sobre a família expedicionária Schürmann cujo roteiro foi escrito por Bolognesi. As sessões obedecem sempre os mesmos horários: 8h30, 10h, 13h30 e 15h.

Nos último quatro anos, já financiado pela CCR, a primeira sala itinerante, instalada em um caminhão, esteve em mais de 140 cidades, a maioria sem um único cinema. O público estimado é de 330 mil espectadores neste período. Cerca de 54 títulos nacionais foram exibidos nos locais. "A nova sala tem o significado de reconhecimento. Explicita a existência de um público para o cinema nacional, o quanto faz sentido esse nosso trabalho", diz Laís Bodanzky, que mantém, ao lado do marido, a produtora Buriti Filmes.

Oficinas - Apesar da origem informal, as salas itinerantes não deixam nada a desejar às convencionais. já que foram desenvolvidas para manter a magia do cinema. Os caminhões carregam cada um equipamentos de projeção cinemascope, som stereo surround, ar-condicionado e 225 cadeiras - capacidade total da tenda adaptada.

As salas também estão preparadas para abrigar cursos de curtas-metragens. Cineastas como Beto Brant, Cao Hamburger, João Moreira Salles e o ator Paulo Betti já falaram sobre a sétima arte para jovens dessas comunidades carentes. Filmes criados nesses cursos, que começaram há cerca de um ano, ganharam espaço em mostras de curtas como a Kinoforum e a Mostra Paulista de Audiovisual. O próximo curso será ainda este mês, em Itaquaquecetuba, ministrado por José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Nesta segunda-feira, entre as sessões, os atores Bruno Garcia, Laura Cardoso, Eunice Baía e Daniel Munduruku, que estão nos filmes exibidos, participam de debates.

Cine Tela Brasil. Diadema - Av. Afonso Monteiro da Cruz, s/nº, Jd Inamar (próximo à EE Prof. José Fernando Abud). 28 a 30 de maio. Santo André - Av. Um, s/nº Jd Santo André . 4 a 6 de junho. Sessões às 8h30, 10h, 13h30 e 15h. Entrada franca.

Projeto começou de forma mambembe

Há 12 anos, o Cine Tela Brasil era chamado de Cine Mambembe. "Éramos apenas eu e o Luiz em uma caminhonete. Todo o equipamento cabia naquele carro", relembra a cineasta Laís Bodanzky.

À época, o casal nem tinha estreado o primeiro longa Bicho de Sete Cabeças (2001) e os filmes exibidos eram curtas-metragens filmados em 16 milímetros. "Mesmo assim, chegamos longe. Exibimos filmes até em Belém do Pará. Fomos a aldeias indígenas, quilombolas", conta Laís.

Foi a partir do patrocínio da administradora de rodovias CCR que foi possível equipar as tendas e levar mais títulos às populações carentes, sobretudo nas cidades cortadas pelas estradas da empresa. "O foco é o trabalho com as escolas públicas. Disponibilizamos em nosso site conteúdos a serem trabalhados em sala de aula", conta a cineasta.

Site: www.cinetelabrasil.com.br




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