O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) divulgou uma nota à imprensa ontem repudiando as explicações apresentadas pelo reitor da Fundação Santo André, Odair Bermelho, sobre os motivos da viagem dele para o Maranhão - publicadas domingo pelo Diário.

"Não temos conhecimento de nenhum contato ou visita feita pelo reitor em acampamentos e assentamentos coordenados pelo MST em qualquer região do Brasil, e repudiamos a utilização de qualquer imagem que possa insinuar qualquer associação entre a reitoria do Centro Universitário Fundação Santo André e o MST, como foi feito na evidente operação de desinformação/contra-informação do reitor Odair Bermelho em sua entrevista", diz o texto enviado pela secretaria estadual do movimento.

Bermelho é suspeito de ter usado a suposta viagem a trabalho para passear às custas da Fundação e teria, durante a estadia, falsificado notas fiscais para obter reembolsos em dinheiro.

Na entrevista, o reitor alega que esteve no Maranhão para visitar acampamentos de trabalhadores sem-terra, devido a um curso exclusivo para assentados que a Fundação planejava implementar, e nega ter forjado qualquer documento.

No texto, o MST informa que solicitou o cancelamento do curso em questão junto ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), devido ao "não cumprimento de vários prazos e da falta de disposição por parte da Fundação em implementar o projeto" e pelo "oportunismo da reitoria, que fazia propaganda da existência do curso e, ao mesmo tempo, criava todas as dificuldades para o mesmo se consolidar."

A Fundação foi procurada no fim da tarde de ontem, mas não foi possível contato com o reitor. O pró-reitor de Administração e Planejamento, Samuel Oliveira Neto, informou que Odair Bermelho não estava sozinho durante as visitas e, por isso, teria testemunhas a seu favor. Neto garantiu, ainda, que Bermelho não identificou-se como reitor da Fundação nas oportunidades em que percorreu os campos.