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Disputa apertada em Santo André
Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
12/02/2013 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


O desfile do Grupo A de Santo André ocorreu em grande estilo. Das sete escolas que se apresentaram na Avenida Firestone, no bairro Casa Branca, quatro fizeram apresentações dignas de campeãs. Ocara, Tradição de Ouro, Seci e Lírios de Ouro foram os destaques da noite de domingo. Pelo que as equipes mostraram, o título será definido nos detalhes.

Por conta da forte chuva que caiu na cidade durante a tarde, o começo da Folia atrasou (leia mais abaixo). O mau tempo fez a Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André) prorrogar o início dos desfiles das 18h55 para as 19h30. Com dez minutos de atraso, o bloco Gaviões da Fiel agitou os poucos foliões que estavam na plateia com um samba-enredo bem marcado sobre as conquistas do Corinthians.

A primeira escola a se apresentar foi a Leões do Vale, que entrou na passarela do samba quase uma hora além do horário oficial (às 20h) e sob forte chuva. Ficou claro o desgaste que a tempestade causou na equipe, que desfilou com o carro abre-alas e poucos passistas. Isso resultou em penalização à agremiação. Destaque para o casal de mestre-sala e porta-bandeira infantil.

A chuva deu uma trégua e a Vila Alice entrou na avenida com muito atraso. Pela demora, a escola também foi penalizada - perdendo pontos. Com bastante torcida nas arquibancadas, a agremiação apresentou alegorias que representavam a África, tema da escola. "A chuva foi muito forte e perdemos muitas alegorias. Teve gente que nem conseguiu vir desfilar, pois estava com a casa cheia de água. Isso tudo fez com que demorássemos a entrar. Mesmo com todos esses problemas, conseguimos fazer um grande Carnaval", disse o vice-presidente da escola, Sergio Ventura.

Logo em seguida - e sem atraso -, foi a fez do Ocara entrar em cena para mostrar as belezas do cinema. A equipe fez grande apresentação, com direito a comissão de frente bem ensaiada, Marilyn Monroe no carro abre-alas e alegorias interativas simbolizando os filmes Jurassic Park, Titanic e O Senhor dos Anéis. O diferencial da escola foi a bateria, que esbanjou recursos com paradinhas bem ensaiadas, casando batidas com os versos do samba.

"Viemos para brigar pelo título e estamos confiantes. Acho que por tudo que fizemos, este ano é nosso. Apesar da chuva, conseguimos fazer um trabalho maravilhoso e ficamos muito felizes com o resultado", disse o presidente da escola, Ademar de Barros.

Sem deixar cair a qualidade, a Tradição de Ouro entrou na avenida com muita beleza. Trazendo magia à passarela do samba, o carro abre-alas foi encantador, com muitas luzes, cores, fumaça e a imagem de dois magos. O que chamou a atenção do público foi um telão de LED no terceiro carro alegórico, que transmitia imagens das sete maravilhas do mundo.

Com grande torcida presente, a Seci entrou na avenida e também arrancou elogios. A comissão de frente estava entrosada, trazendo maquiagens misteriosas e benfeitas. Todas as alas estavam bem coreografadas. Como de costume, a bateria da escola inovou e se destacou com batidas de funk.

Já com público reduzido, a São Jorge ficou abaixo das três escolas anteriores. O abre-alas trouxe a imagem do santo que dá nome à equipe. As alegorias tinham bastante cores, mas pouco encanto.

Apesar das arquibancadas praticamente vazias, às 4h45 a Lírios de Ouro fez apresentação digna de aplausos, com comissão de frente e carro abre-alas encantadores. Uma das porta-bandeiras chamou a atenção por desfilar gestante, com uma grande barriga, mas sem deixar o ritmo do samba cair. A escola fechou o Carnaval andreense com chave de ouro, às 5h50, registrando quase três horas de atraso ao horário estipulado para o fim dos desfiles.

 

Carlos Grana defende Carnaval regional

Declarando ser fã de samba, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), afirmou que é favorável a um desfile de escolas de samba regional, juntando agremiações das sete cidades do Grande ABC. "O Grande ABC mereceria uma única atividade no Carnaval. Se desse para juntar as sete cidades, acho que seria o ideal. Está tendo Folia só em Santo André e São Bernardo. Se tivéssemos nas outras cidades seria bem melhor. Poderia até ser feito algo inovador, alternando em cada ano o local dos desfiles pelos municípios da região."

O tema já chegou a ser discutido, mas ainda não há nenhuma definição sobre um evento carnavalesco unificado. Neste ano, Diadema, São Caetano e Mauá, que tinham tradição em desfiles, não realizaram a Folia. "Enquanto algumas cidades possuem o evento, outras estão absolutamente sem nada. Temos de criar cultura regional em todas as áreas, inclusive no Carnaval. Sou muito partidário a isso. A força do evento seria bem maior", disse.

O vice-presidente da Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André), Ivair Antonio Bataggia, gostou da ideia, porém com ressalvas. "Acho que seria uma boa, mas não podemos abandonar o nosso Carnaval da cidade. Poderia ser feito algo com as campeãs de cada município", comentou.

CHUVA - A forte chuva que caiu durante a tarde de domingo em Santo André tirou o brilho da festa. Todas as escolas tiveram problemas por conta da tempestade. As mais prejudicadas foram a Leões de Ouro, que perdeu dois carros alegóricos, e a Vila Alice, que teve dificuldades com número de passistas reduzido e fantasias danificadas, resultando em um atraso muito grande.

"Acabou prejudicando bastante. Nossa comunidade do Tamarutaca perdeu muita coisa com a chuva e várias pessoas tiveram de ficar em casa contabilizando os prejuízos. Chegamos a fazer reunião com todos os presidentes das escolas e pensamos em cancelar o desfile, mas decidimos vir à avenida mesmo com todos os problemas. Quem perdeu foi a cidade", disse o vice-presidente da Vila Alice, Sergio Ventura.

O mau tempo acabou refletindo no número de expectadores da Folia. Segundo a Polícia Militar, o público rotatório foi de aproximadamente 7.000 pessoas, bem abaixo do primeiro dia de desfile, quando cerca de 10 mil foliões prestigiaram as escolas do Grupo B.

O prefeito Carlos Grana (PT) lamentou os danos causados pela chuva. Sendo solidário aos sambistas, o chefe do Executivo esteve presente no desfile de todas as agremiações. "Infelizmente, a chuva que caiu foi acima do normal. Como era um compromisso, estou aqui presente desde as primeiras horas da tarde para não abrir mão desse evento. A cidade lutou e se superou para realizar o Carnaval. Como prefeito, minha obrigação é estar aqui", disse.




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