Cultura & Lazer Titulo São Caetano
Mudanças na volta às aulas da Fundação das Artes
Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
06/02/2013 | 07:08
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Nario Barbosa/DGABC


A Fundação das Artes de São Caetano viveu um turbulento início de ano letivo. O choque do modelo de gestão antigo, em confronto com as disposições adotadas pela nova administração, plantou incertezas sobre a continuidade do projeto da escola.

Uma das questões que marcaram o retorno às aulas foi a perda da concessão de bolsas aos alunos que não são munícipes são-caetanenses. Hoje, há mais alunos bolsistas de fora da cidade do que os que vivem no município. A instituição concedeu, no último semestre, R$ 195.432 em bolsas para estudantes de fora e R$ 157.217 para os que são da cidade.

Alunos e professores alegam que a concessão não desonera o orçamento da Fundação, que no ano passado fechou no azul e tem, nos últimos anos, cumprido sua meta de arrecadação. A Prefeitura diz que o corte se deve à ilegalidade da ação, já que a única lei sobre o assunto determina que bolsas de estudo só devem ser preenchidas por moradores da cidade.

"É um investimento que a escola fazia com seus próprios recursos no desenvolvimento do aluno, algo previsto por estatuto", diz um dos professores. A modalidade funcionava como uma bolsa-monitoria. Bolsistas exerciam atividades, determinadas horas de trabalho/pesquisa em sua área, em troca do benefício.

Alguns dos bolsistas exercem funções em organismos da escola como, por exemplo, na Orquestra Jovem. Com o fim do direito à bolsa, alguns pensam em largar a dedicação às atividades. "Na realidade, o cara que estuda música não ganha dinheiro. Ou ele está voltado para o estudo ou para o trabalho. Tocar na Big Band (grupo da escola de música) é um serviço que eu presto para poder continuar o curso. Para quê vou prestar um serviço para a Fundação se não vou ter feedback disso", pontua um dos alunos.

A Prefeitura diz que esses serviços fazem parte da grade curricular dos cursos. Garante que, mesmo com a possível debandada de alunos bolsistas, essas atividades não serão interrompidas. "Esses organismos fazem parte da grade curricular, são matérias que os alunos têm que frequentar", diz a diretora pedagógica, Noemi Munhoz.

"Até criarmos uma legislação que institua a figura do monitor independentemente do lugar de onde venha, não temos como resolver os problemas com as bolsas", diz o secretário de Cultura, Jander Cavalcanti, que é também presidente do conselho curador da Fundação.

Uma sugestão para contemplar esse problema, diz Vagner Perton, diretor-geral da instituição, é buscar parceria privada que custeie as bolsas desses alunos. "Estamos em busca de outras soluções", conta ele.

BAGUNÇA
Outros problemas tomaram conta do retorno às aulas. Segundo alunos, não houve acolhida por parte da direção da escola e a chegada foi marcada por indefinições diversas.

"Começamos as aulas esperando algumas respostas administrativas, como horários, professores que teríamos etc, mas não nos falaram nada", diz uma aluna da área de teatro.

Coordenadores de cada área da instituição foram pegos de surpresa. Eles foram destituídos de suas funções sem aviso prévio. Alegam que chegaram para o trabalho e suas mesas e objetos pessoais não estavam mais no lugar. O questionamento deles é com relação ao abuso de poder nas destituições, pois há 44 anos as coordenações são eleitas pelos pares, em um processo democrático que eles entendem ter acabado.

A direção da Fundação diz ter tomado tais medidas para reavaliar a legalidade dos vínculos estabelecidos com os professores/coordenadores, já que alguns acumulam horas de trabalho que ultrapassam o limite estabelecido por lei. "Temos casos de professores com 650 horas de aulas por mês", diz Vagner Perton. "Vamos reavaliar caso a caso e revogando todas as portarias para readequar ao que determina a legislação. Nosso interesse não é interromper o processo democrático", completa.

Noemi revela que os cargos de coordenação das áreas de dança e artes visuais foram retomados pelos antigos profissionais eleitos. E que os demais casos vão ser discutidos.




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