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Vaidade para
todos os gêneros

Homens de diferentes idades estão cada vez mais
trocando o perfil 'ogro' pelos cuidados com a aparência

Marília Montich
Do Diário OnLine
12/09/2014 | 07:09
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Divulgação


O publicitário Douglas Aléo, 23 anos, gasta horas para deixar o cabelo do jeito que lhe agrada antes de sair de casa. “Eu gosto de me cuidar, de me olhar no espelho e me sentir bonito.” Roger Furlan, 32, participa de campanhas publicitárias, trabalha como ator e apresentador e diz se sentir “obrigado a se cuidar ainda mais”. Já Vagner Assunção é fanático pela manutenção do peso e, por isso, malha todos os dias e pratica corrida ao menos cinco vezes por semana há mais de 35 anos. “Tenho 48 anos de idade, 80 quilos e me cuido tanto na forma de me vestir como me preocupo com minha imagem social”, afirma o psicólogo.

Mesmo fazendo parte de gerações diferentes, os homens acima têm algo em comum, além do fato de morarem em Santo André: se autodenominam metrossexuais. O termo caracteriza aquele que é bastante preocupado com a aparência, gasta boa parte de seu dinheiro e tempo com cosméticos, roupas, acessórios e está sempre antenado nas tendências de moda.

Se a um tempo atrás se assumir excessivamente vaidoso podia causar um certo incômodo, hoje essa questão parece estar bem mais resolvida. “Acredito que todos os homens deveriam ser metrossexuais, pois é ótimo você se cuidar e se sentir bem consigo mesmo. Ser metrossexual para mim é um estado de espírito, em que eu só tenho a ganhar com isso”, afirma Aléo.

O publicitário Douglas Aléo gasta horas na frente do espelho para deixar o cabelo do jeito que mais gosta





 

Para Furlan, a atenção consigo mesmo sempre vale a pena e, uma hora ou outra, vai surgir como uma necessidade na vida de todos. “Quando mais novo, percebia que meus amigos até falavam que era desnecessário alguns cuidados (que eu tomava). Mas hoje, passando dos 30, muitos deles estão se cuidando tanto quanto eu.”

O ator e apresentador Roger Furlan conta que os cuidados aumentaram por exigência da profissão 

Assunção vivenciou a situação descrita por Furlan, percebendo em um determinado momento que era preciso mudar. “Nem sempre fui vaidoso. Na minha infância e adolescência isto nunca foi uma preocupação. Ela se tornou presente na idade adulta, principalmente quando percebi que a imagem que temos influencia significativamente na reação que os outros tem para conosco.”

O psicólogo Valter Assunção não era vaidoso, mas passou a notar  que a aparência merecia atenção 

O consultor de moda e estilo Célio Ribeiro explica que, para os metrossexuais, a preocupação com a aparência física vem em primeiro lugar, seguida pelos adereços (roupa, acessórios etc). “Antes de mais nada vem o cuidado com pele, cabelo, barba e corpo em geral. Quanto a um item importante para eles, pode-se dizer que é o perfume.”

No que diz respeito ao vestuário, Ribeiro diz que as peças atuais e com modelagens que favorecem o corpo não podem faltar no guarda-roupa de um homem vaidoso. A peça desejo do momento, segundo ele, são as camisas mais justas. “Estão fazendo composês com bermuda e alpargata ou sapatênis. Temos reparado que isso está em evidência, principalmente nas novelas.”

E para se sentir bem consigo mesmo vale qualquer investimento. “O valor empregado é o da autoestima de cada um. Para muita gente não tem preço”, diz o consultor. “Por baixo, em termos de estética, eu acredito que um homem pode chegar a gastar de R$ 2 mil a R$ 3 mil por mês só no que diz respeito à estética”, completa.

Nesse contexto, é certo afirmar que o tipo “ogro” parece estar perdendo cada vez mais o posto para os “arrumadinhos”, o que pode ser explicado por alguns fatores.

A professora do curso de Psicologia da Universidade Metodista de São Paulo Angélica Capelari conta que ninguém nasce vaidoso, mas passa a ser no decorrer na vida. Para ela, hoje é mais comum encontrar homens que investem no cuidado com a aparência por conta de uma nova conjuntura social. “Com a mulher no mercado de trabalho, o homem tomou outra posição na relação afetiva. Antes, ele era o provedor. Agora, ele não precisa exercer mais esse papel e tem que conquistar a mulher de outros jeitos.”

É possível citar ainda a mudança da relação do homem com os seus princípios e objetivos. “Se antes um ideal poderia, por exemplo, estar representado pelo desejo de lutar por um ''''''''causa'''''''' a favor de um bem comum, hoje eles estão muito mais dirigidos ao indivíduo. O ideal na atualidade, muitas vezes, tornou-se o ''''''''eu ideal'''''''', o indivíduo com o seu ego mais próximo possível do ideal, sobretudo, com relação ao próprio corpo, com relação à própria imagem”, afirma a professora de Psicologia da Universidade Anhanguera Marciela Henckel.

Aléo, Furlan e Assunção asseguram que não sentem preconceito com seu estilo de vida, porém esta ainda não é, infelizmente, a realidade vivida por 100% dos metrossexuais, recorrentemente relacionados a homossexuais. “Muitas vezes uma sociedade que valoriza a individualidade em detrimento do coletivo, promove ao mesmo tempo, o individualismo. Este individualismo não necessariamente significa maior abertura com relação ao outro, diferente de mim. O individualismo, ao contrário, pode incrementar o preconceito e a intolerância com relação ao outro. Não significa, enfim, que haja respeito e uma liberdade autêntica, genuína, onde cada um pode ser o que deseja”, diz Marciela.


 




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