Em 6 meses, quatro morreram com suspeita da doença;
os laudos de duas das mortes ficam prontos em 20 dias
Famílias do bairro Clube de Campo, em Santo André, estão assustadas com as mortes de quatro pessoas nos últimos seis meses, todas com os mesmos sintomas: dor de cabeça, febre e manchas no corpo. O bairro, encravado em área de manancial, registrou em 2005 duas mortes por febre maculosa, doença transmitida pelo carrapato-estrela, e está em alerta contra possível surto.
Os laudos de duas das mortes, ocorridas nas últimas semanas, ficam prontos em 20 dias. Conforme a vizinhança, outras quatro pessoas estão internadas com sintomas semelhantes, duas na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A maioria dos doentes vive nas proximidades da Rua Condor.
É o caso do autônomo Nilson Ferreira da Palma, 39 anos, que morreu na terça-feira. A mulher de Palma, a auxiliar de limpeza Débora da Silva Soares, 41, acredita que houve negligência dos médicos que o atenderam no PA (Pronto Atendimento) da Vila Luzita, procurado pela maioria das vítimas do bairro. "Ele foi para lá por cinco dias, medicavam ele com dipirona e mandavam para casa. Só internaram meu marido e deram antibióticos no sábado, quando ele teve convulsão."
Segundo Débora, os médicos suspeitavam que Palma tivesse dengue. "Falei que morávamos aqui e que pessoas tinham morrido. Não adiantou." Palma foi transferido para o Hospital Emílio Ribas, na Capital, mas acabou não resistindo.
A filha de 5 anos da porteira Elisângela Tessina Dias dos Santos, 30, ficou à beira da morte há seis meses. "Ela chegou desacreditada no Hospital Beneficência Portuguesa depois de ser muito mal atendida no PA da Vila Luzita, mas conseguiu vencer a doença." A menina ficou 12 dias internada. "Queremos que a Prefeitura faça alguma coisa antes que mais mortes aconteçam."
A Secretaria municipal de Saúde confirmou que a região do Recreio da Borda do Campo, que inclui o bairro, é considerada de risco para febre maculosa. A administração informou que neste mês intensificou o trabalho de orientação feito pelos agentes do Programa Saúde da Família. Como parte das ações, foi aplicado carrapaticida nos cães e realizado treinamento de médicos das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e PAs para facilitar o diagnóstico da doença.
A febre maculosa é transmitida pelo carrapato-estrela contaminado com a bactéria Rickettsia rickettsii e causa febre, dor de cabeça, manchas avermelhadas, tosse e pressão alta. A orientação é que moradores da região com os sintomas procurem a unidade de Saúde mais próxima. A doença tem cura, se descoberta cedo.
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