Esportes Titulo Parentesco
Cristiano Ronaldo ainda é esperança em Santo André

Morador do bairro Homero Thon, Robson Pinto
é primo de terceiro grau do craque português

Felipe Simões
Do Diário do Grande ABC
27/06/2014 | 07:23
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Marina Brandão/DGABC


Esperança. O substantivo, cuja definição é o ‘sentimento de quem vê como possível a realização daquilo que deseja’, segundo o dicionário Houaiss, é também o apelido de Robson Adriano Correia Pinto. Morador do bairro Homero Thon, em Santo André, o eletricista de 45 anos tem esperança de que o parente mais famoso de sua família possa tirar uma foto e dar-lhe um abraço. E a estrela é ninguém mais ninguém menos que Cristiano Ronaldo, craque do Real Madrid e da seleção de Portugal, eliminada ontem da Copa do Mundo.

 Robson é primo de terceiro grau do atacante eleito pela Fifa o melhor do mundo em 2013. Sua mãe, a portuguesa Teresa Maria de Abreu, 62 anos, moradora do bairro Jardim Santo André, é filha de Maria de Jesus Martins Pereira Abreu, irmã de Filomena Aveiro, avó paterna de Cristiano Ronaldo e madrinha de batismo da mãe de Robson.

 O conhecimento do parentesco veio somente em 2010, quando Ângela, irmã de Teresa Maria, visitou parentes na Ilha da Madeira e voltou trazendo a notícia. À época, Cristiano Ronaldo já era jogador do Real Madrid.

 Apesar disso, a família nunca teve contato com o craque. O único momento mais próximo foi quando outra irmã de Teresa Maria, Maria Inês, visitou a ilha no início da década de 1990 e encontrou com o menino Cristiano, com 10 anos, amarrando os sapatos para ir jogar futebol na rua – o futuro astro já dava os primeiros passos no Andorinha, pequeno clube de Santo António, freguesia portuguesa onde nasceu.

 “Tenho esperança de conhecê-lo. Queria conversar, tirar uma foto. Sou fã número um dele”, conta Robson, que, assim como sugere o apelido, não perde a esperança de encontrar seu primo estelar. 

Ilha da Madeira une história das famílias

Robson Adriano e Cristiano Ronaldo nunca se viram, mas têm origem do mesmo local: a Ilha da Madeira, principal do arquipélago da Madeira, colonizado pelos portugueses na segunda metade do Século 15.

 A avó de Robson, Maria de Jesus Martins Pereira Abreu, é irmã de Filomena Aveiro, avó paterna de Cristiano Ronaldo e madrinha de batismo de dona Teresa Maria, mãe do eletricista andreense.

 As diferenças nos sobrenomes são explicadas pelos casamentos das irmãs – Filomena casou-se com Humberto Aveiro e com ele teve seis filhos, entre eles José Dinis Aveiro, pai do craque, morto em 2005 devido a cirrose.

 Já Maria de Jesus foi casada com José de Abreu, com quem concebeu cinco filhos, entre eles Teresa Maria, mãe de Robson.

 À exceção de Robson e dos irmãos Rosângela e Ricardo, todos são naturais da freguesia de Santo António – espécie de região administrativa –, conselho (cidade) de Funchal, na Ilha da Madeira, onde Cristiano Ronaldo nasceu – tudo comprovado por documentos guardados até hoje por dona Teresa Maria.

 Antes de vir para o Brasil, porém, o pai de dona Teresa Maria, José de Abreu, emigrou para Curaçao, ilha caribenha colonizada pela Holanda, por conta de uma oportunidade de trabalho – só depois foi conceber a mãe de Robson, em 1952.

 Quando Teresa Maria tinha 4 anos, a família veio para o Brasil, já que havia a crença de que o País era “um pedacinho do paraíso”. A viagem de navio da Ilha da Madeira até o Brasil durou 23 dias, e, em 27 de setembro daquele ano, eles desembarcaram no Porto de Santos, no Litoral, e seguiram diretamente para a Vila Pires, em Santo André, onde um vizinho madeirense já estava instalado e havia confeccionado uma carta de chamada, documento que facilitou a vinda da família para o Brasil.

 O périplo é algo que ficou marcado na vida de Teresa Maria. “Foi a primeira vez que eu dormi em um beliche. Eu fiquei muito feliz”, recordou.

 A senhora, hoje com 62 anos, nunca teve a oportunidade de retornar para a Ilha da Madeira, mas a situação deve mudar tão logo Robson tenha condições financeiras de bancar uma viagem até a terra natal de sua mãe.

 “Quero economizar para fazer um cruzeiro e levá-la até lá”, confessou.

 Além de visitar os parentes, Teresa Maria tem a esperança de encontrar Cristiano Ronaldo. Mas quer mesmo é que ele faça Portugal campeão do mundo – sonho adiado para 2018.

 “Queria vê-lo nem que fosse para dar um abraço. Só vejo futebol quando ele joga. Gostaria que ele fizesse Portugal campeão pelo menos uma vez”, disse a senhora, que guarda com carinho especial uma foto do craque com a madrinha, Filomena, e uma camisa autografada pelo jogador.

 Tanto no caso de ver o astro mais requisitado do mundo quanto na conquista da Copa do Mundo, uma coisa é certa: é preciso ter esperança.

 E nessa andreense casa portuguesa, isso não falta com certeza.




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