Cultura & Lazer Titulo Música
Quando a favela
chegou aos palcos

Leandro Sapucahy lança DVD que narra, através
de música e teatro, vida nas comunidades carentes

Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
02/12/2013 | 07:00
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A favela saiu do morro e foi para o palco, para lá fazer seu grande espetáculo e contar seu cotidiano. E quem se encarrega de tal empreitada é Leandro Sapucahy. O cantor e compositor coloca nas prateleiras o resultado de seu novo show, o DVD Favela Brasil 2 - Soldado do Samba.

Trabalho que dá sequência à sua primeira experiência teatral, Favela Brasil 1, lançado em 2008, o novo show foi gravado em julho na Fundição Progresso, no Rio de Janeiro e traz 20 composições.

Mas esse não é apenas ‘mais' um show. Sapucahy foi além. Valente, mergulhou com sua irmã, Lilian Sapucahy, num projeto que levou dois anos para sair do papel e carregou um pouco da vida da favela para o palco. Depois era escolher atores, figurantes e outros detalhes de produção.

"É um projeto muito grande e com equipes diferentes, tinha tudo para dar errado, mas as equipes se entenderam bem". Quase 100 pessoas trabalharam na gravação. Só no palco eram quase 50 profissionais: 30 do elenco, 13 músicos, mais alguns atores da peça Favela.

"A ideia começou no DVD Favela Brasil 1, em 2008, só que lá tudo era muito novo na minha cabeça. Nesse, eu fiquei dois anos trabalhando, pensando em um repertório amarrado. Se você reparar, a cada duas ou três músicas é uma cena e eu falo de certo assunto. Tem a encenação, o figurino, tudo isso que muda. Eu tinha que escolher repertório e contar uma história amarrada", conta o artista.

E mesmo com toda a parafernália e detalhes, Sapucahy optou por fazer um único ensaio geral, 24 horas da gravação. "Eu sabia que no dia, depois que as pessoas tivessem entendido o ensaio, seria melhor, pelo fato de ter emoção, de ter o aplauso, as pessoas vendo, e foi o que aconteceu", diz.

Das 20 composições que ilustram a obra, 13 são assinadas pelo parceiro Serginho Meriti. "Ele é um cara que está mais perto, conheceu o Bezerra da Silva e também sabe a linha do meu trabalho. Ele me mandava música todo dia. Eu tenho a facilidade de gravação pelo fato de ter meu estúdio. Gravei umas 35 músicas para usar 20."

Com luzes próprias para peças teatrais e não as que se usa geralmente em shows, e um cenário que ilustra a favela, com direito a barraco em tamanho real, entre outros apetrechos, Sapucahy, que assina a direção ao lado de Jota Moraes, canta sobre várias situações e faz, ou ao menos tenta fazer, o ouvinte refletir e conhecer um pouco desse universo.

"Tem três que falam do bêbado, do ‘doidão' que existe na comunidade, outras sobre a violência, o tráfico, a fofoca do vizinho. Então o DVD é todo amarrado. Tem a coisa de falar do policial, se é bom ou se é corrupto", completa.

"Estou um pouco sozinho nisso, por isso o título do DVD, Soldado do Samba", diz ele. Para Sapucahy, sua música é um veículo de formação. "Preciso levar alguma coisa para que as pessoas saiam dali pensando ou aguçando a curiosidade de entender aquele universo", afirma. "Quando coloco um cenário de favela é para o cara entender como é. Quero que as pessoas tenham um samba inteligente, como fez Bezerra, Zeca Pagodinho."

"Apesar de todo o mercado empurrar você para um outro lado, mais comercial,eu vou me manter forte nessa luta da pessoa levar informação para casa. Quero ter uma discografia bacana e uma carreira respeitada. Esse é meu objetivo com relação ao samba que eu faço."




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