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Fogo atinge telhado do Caps do Jardim Farina, em São Bernardo

Funcionários da unidade afirmam que incêndio foi causado por curto-circuito

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/10/2013 | 07:03
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Nario Barbosa/DGABC


Parte do telhado do Caps (Centro de Atenção Psicossocial) Jardim Farina, em São Bernardo, foi incendiada na madrugada de ontem. Segundo informações dos funcionários para moradores do entorno, um curto-circuito provocou o início das chamas.

A assistente social Regina Bastazin Rodrigues, 43 anos, vizinha da unidade, contou que o incêndio começou por volta de 4h20. “Eu acordei com barulhos que pareciam ser de fogos de artifício. Depois, saímos de casa e vimos as chamas.”

A vizinhança não acreditam na hipótese de acidente, defendida pelos responsáveis pelo Caps. Até o fim da tarde de ontem, dois policiais militares preservavam o local, que aguardava por perícia.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que as causas ainda não foram apuradas e que o município aguardava o resultado do trabalho da Polícia Científica.

Além do incêndio, moradores vizinhos relatam ter medo de invasões por parte de pacientes da unidade. Regina disse que, no dia 28 de setembro, uma mulher que passou por atendimento no Caps invadiu sua casa após pular o muro. Ela e os filhos, de 7 e 11 anos, saíram correndo pelas ruas.

A moradora afirmou que, depois de percorrer toda a extensão do imóvel, a invasora teria cometido furtos. “Ao sair da minha casa pela janela do meu quarto, ela entrou em outra residência. De lá, ela levou um rádio e uma carteira.”

Depois desse dia, a assistente social conta que os filhos ficaram traumatizados. “Eles não dormem mais sozinhos. Os dois ficam no meu quarto. A minha filha menor não fica sozinha em casa de jeito nenhum. Até para ir ao banheiro ela precisa de alguém. Tem de ficar alguém na porta esperando.”

Segundo a vizinhança, essa não foi a primeira vez que ocorreu uma fuga de paciente. No entanto, nas outras ocasiões os fugitivos não teriam cometido invasões. “Os moradores da rua começaram a filmar tudo o que acontece do lado de fora. Falta segurança”, cobrou Regina.

Apesar dos relatos, a Prefeitura informou que essa foi a primeira ocorrência envolvendo pacientes do Caps desde a inauguração, em 8 de maio do ano passado.

ELOGIO

Mesmo com o incidente na unidade do Jardim Farina, o secretário nacional de Políticas Públicas sobre Drogas, Vitore Maximiano, admitiu ontem que os serviços oferecidos por São Bernardo a dependentes químicos serão usados como referência para a instalação de novos centros de ajuda a usuários de drogas em todo o País.

Maximiano visitou os Caps de Álcool e Drogas e a República Terapêutica de Adultos, serviços oferecidos para o tratamento da dependência. Segundo ele, um dos objetivos da inspeção era justamente entender a rotina de funcionamento do equipamento para que o modelo seja levado a outras cidades.

“Temos feito visitas no País todo e São Bernardo tem um forte investimento nessa área (de tratamento contra o vício). É uma rede que acolhe com muita dignidade as pessoas”, apontou.

Segundo o secretário, o governo federal fará investimentos de R$ 4 bilhões nos municípios até 2014 para a construção de novas unidades, dentro do programa Crack, é possível vencer.

“Estamos analisando os centros de várias cidades do País para conhecer as realidades e verificar onde podemos investir mais”, comentou Maximiano.

Além de São Bernardo, o secretário já passou por unidades do Caps em Campinas e Sorocaba, além de outros estados, como Piauí e Ceará. Estão previstas conversas com outras prefeituras da região. A primeira delas deverá ser com Santo André, nos próximos dias.

O governo federal já havia anunciado em maio investimento de aproximadamente R$ 16 milhões para a construção de pelo menos mais três Caps para tratamento do vício em álcool e drogas no Grande ABC. Não há prazo para a entrega dessas unidades.

Segundo a Prefeitura de São Bernardo, a cidade ganhará ainda neste ano 17 leitos para desintoxicação de pacientes em estado avançado de dependência química. O atendimento será feito no Hospital de Clínicas, previsto para ter as operações iniciadas em dezembro. Atualmente são oferecidas pelo poder municipal oito vagas nos dois Caps da cidade que auxiliam na abstinência leve de entorpecentes.




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