Setecidades Titulo Menor infrator
Fundação Casa se muda
e vai para área comercial

Menores estão desde o fim de semana em imóvel
alugado por R$ 7.000 mensais na Avenida Índico

Camila Galvez
Fábio Munhoz
11/09/2013 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A unidade de semiliberdade da Fundação Casa de São Bernardo mudou de endereço no fim de semana. A casa na Rua Mediterrâneo, no Jardim do Mar, alugada em novembro, foi trocada por imóvel em área comercial na Avenida Índico, no mesmo bairro, após pressão dos moradores do entorno.

Atualmente, sete jovens cumprem medida de reinclusão social na casa, que passa pelos últimos ajustes para abrigá-los. A capacidade da unidade é para até 20 menores. O contrato de 12 meses foi fechado por R$ 84 mil, segundo publicação no Diário Oficial do Estado, o que equivale a aluguel mensal de R$ 7.000.

“É preciso que os vizinhos entendam nosso trabalho. Aqui é feito um acompanhamento do menor, ele frequenta a escola, faz cursos profissionalizantes. Eles não são perigosos. São meninos com falta de oportunidade, que se envolveram com o tráfico de drogas e, muitas vezes, são também usuários. Eles precisam de ajuda para voltar à sociedade”, garante a diretora da unidade, Ivanir dos Santos Pereira.

A rotina dos jovens, vindos da cidade, mas também de Diadema, Santo André e do Litoral, começa cedo. Alguns estudam pela manhã e fazem cursos profissionalizantes à tarde. Outros, o contrário. Um deles, inclusive, participa de aulas na Fundação Criança, parceira da entidade. À noite, todos dormem na casa. “Fazemos o acompanhamento constante do jovem para saber se ele comparece às aulas. Temos contato direto com as diretoras das escolas onde estão matriculados para controlar a frequência”, explica Ivanir.

A casa conta com equipe educacional formada por um pedagogo e quatro agentes educacionais, além de psicóloga e dois assistentes sociais. No andar de cima do sobrado, que abrigava clínica de estética, são quatro quartos. Na parte de baixo há outro quarto e também salas para funcionários. A piscina, conforme Ivanir, será desativada e coberta. “Uma casa desse porte é necessária porque precisamos de estrutura para abrigar os menores e fazer o atendimento. Além disso, é preciso ter acesso fácil a transporte público, à Fundação Criança e aos locais onde eles fazem os cursos, que ficam todos próximos ao Centro”, explica a diretora.

A instalação da unidade é resultado da condenação que o governo estadual sofreu em 2009 – após ação civil pública proposta pelo MP (Ministério Público) em 2003.

Vizinhos forçaram saída da primeira casa ocupada no bairro

A procura por outro endereço para abrigar os menores que cumprem medida de semiliberdade da Fundação Casa em São Bernardo foi anunciada em abril pelo vice-presidente da entidade, Claudio Piteri, em entrevista exclusiva ao Diário.

A mudança foi necessária porque, desde que foi feita a instalação da unidade na casa da Rua Mediterrâneo, o proprietário manifestou publicamente a intenção de desfazer a locação. Além disso, vizinhos reuniram 3.000 assinaturas para forçar a saída da entidade. Um deles chegou a se mudar de endereço. O aluguel era semelhante ao valor fechado atualmente com o proprietário do imóvel da Avenida Índico.

A principal justificativa dos moradores para a retirada da unidade do local era a falta de segurança. Porém, segundo o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), o juiz pode aplicar a medida de semiliberdade ao adolescente nos casos em que o ato praticado não envolva violência ou grave ameaça. “Falta conhecimento da população e, por isso, os menores são hostilizados, o que dificulta o retorno à sociedade”, opina a diretora da unidade, Ivanir dos Santos Pereira. 




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