Setecidades Titulo Tragédia
Adolescente morre com tiro disparado por amigo

Fatalidade ocorre em Ribeirão Pires; arma pertence ao pai da vítima

Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
16/11/2011 | 07:15
Compartilhar notícia


A curiosidade no manuseio de um revólver fez mais uma vítima no Grande ABC. O estudante de Ribeirão Pires Adriano Duarte de Oliveira Júnior, 17 anos recém-completados, morreu na madrugada de ontem, ao ser baleado com um tiro na cabeça, acidentalmente, por colega de 16 anos. O revólver calibre 38 pertence ao seu pai, o policial militar Adriano Duarte de Oliveira, vinculado ao 21º Batalhão, na Capital.

O velório e o enterro foram realizados ontem à tarde, no Cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo. O caso foi registrado como homicídio culposo (quando não há intenção de matar) na Delegacia de Polícia de Ribeirão Pires, que investigará as causas do acidente ocorrido na residência da vítima, na Vila Tabolaro, por volta das 17h30 da segunda-feira.

A princípio, o encontro na casa de Adriano Júnior seria para realização de dois trabalhos escolares - o grupo era formado por sete integrantes. Depois, os estudantes combinaram comprar carne e carvão para a reunião informal. Mas sequer houve tempo para isso.

Segundo relatos dos estudantes aos pais, que foram ouvidos pela equipe do Diário, Adriano Júnior logo na chegada dos colegas quis mostrar as armas que o pai mantinha em casa - um revólver calibre 38 e outro calibre 12.

Os rapazes, com idade entre 16 e 17 anos, começaram a manusear as armas - todas estariam sem munição. Segundo disse um dos jovens ao pai, Adriano Júnior teria colocado balas no revólver, exatamente a arma que um deles apertaria o gatilho. Nem um adulto estava presente.

O único tiro disparado atingiu a cabeça da vítima, socorrida inicialmente no Hospital Ribeirão Pires. Em seguida, pela gravidade do caso, o adolescente foi levado para o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, onde chegou em estado gravíssimo, morrendo minutos depois, segundo a Secretaria de Estado da Saúde.

A equipe do Diário esteve na casa da vítima e na do adolescente que teria disparado a arma, mas não encontrou ninguém. Segundo um vizinho de Adriano Júnior, a família reside no bairro não mais que seis meses. "Eles reformaram a residência toda", afirmou o rapaz, que preferiu não se identificar.

Os colegas do adolescente morto também não quiseram falar. Segundo os pais e familiares, todos estão abalados com a morte trágica do rapaz. "Meu sobrinho não consegue dormir nem comer. Só diz que escuta o barulho do tiro", contou a tia de um dos garotos.

A Polícia Militar confirmou que o pai da vítima atua no 21º Batalhão. Os pais do estudante morto não foram localizados.

Bom aluno, Adriano Júnior foi classificado na segunda fase da 7ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que reuniu 18.719.916 alunos e 44.691 instituições. O resultado final sairá em fevereiro de 2012.

Hoje, no Fórum local, o adolescente de 16 anos, que teria atirado contra o colega, se apresenta ao promotor da Infância e Juventude.

 

Pegar arma do pai para exibir vira rotina

 

Em 22 de setembro o suicídio de Davi Mota Nogueira, 10 anos, chocou São Caetano e o País. A arma que era do pai, o guarda-civil municipal Milton Evangelista Nogueira, 42, foi pega escondida pela criança um dia antes da tragédia.

Na manhã seguinte, na Escola Municipal de Ensino Alcina Dantas Feijão, ele atirou contra a professora Rosileide Queiros de Oliveira, 38, e em seguida se matou. A professora foi perfurada na região abdominal, passou por duas cirurgias e deixou o Hospital das Clínicas, na Capital, uma semana depois. O inquérito policial foi encerrado dia 4 de outubro sem conclusão.

No mesmo dia, na Escola Estadual Padre Giuseppe Pisoni, na Vila Lopes, em Rio Grande da Serra, outro garoto de 10 anos pegou a arma calibre 22 em casa e levou à escola para exibir aos amigos. O revólver foi encontrado na mochila do estudante sem munição, enferrujada e com numeração raspada.

Os pais explicaram à polícia que o objeto pertencia ao ex-cunhado da família e que não era utilizado há anos. O boletim de ocorrência foi registrado como omissão de cautela.

No final do mesmo mês, novamente em São Caetano, um adolescente de 15 anos da 7ª série do Ensino Fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Ângelo Raphael Pellegrino levou à escola uma arma calibre 38, sem munição, para mostrar aos amigos que o pai era policial reformado. O revólver foi encontrado por guardas-civis municipais na cintura do jovem. (Maíra Sanches)




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;