Shyamalan já foi chamado de “O Novo Spielberg” na capa de uma edição recente da revista norte-americana Newsweek. As semelhanças começam pelos temas de seus filmes – ambos adoram falar de fenômenos sobrenaturais –, mas o trabalho de Shyamalan não é só uma cópia barata. Provou que filma bem e tem estilo próprio em O Sexto Sentido (1999), seu primeiro filme de grande repercussão, indicado a seis Oscar.
Sinais vem comprovar seu talento, já que Corpo Fechado (2000), apesar dos chocantes primeiros minutos, perde-se no desfecho. Mas talvez Shyamalan tenha cometido o mesmo erro agora. Ele acerta mais ao desenvolver a história do que em explicá-la, justamente o ponto que o consagrou em O Sexto Sentido, com o final mais comentado das safras recentes.
Há outro ponto em comum entre seus dois últimos filmes: a água é usada como um importante fator da trama. Em Corpo Fechado, é a criptonita do super-herói vivido por Bruce Willis. Aqui, ela é a salvação da família Hess.
O título de Sinais faz referência a dois temas abordados paralelamente na trama: as mensagens deixadas nos campos de milho do fazendeiro e padre Graham Hess, papel de Mel Gibson, e o questionamento de sua fé após a morte da mulher em um acidente de carro. Shyamalan usou o mistério dos círculos nas plantações como ponto de partida, um fenômeno que sempre intrigou milhares de pessoas no mundo, combinando esse evento com um personagem que enfrenta seus próprios demônios.
O viúvo Hess e seu irmão, Merril (Phoenix), moram em uma fazenda no interior dos Estados Unidos. Com a morte da mulher, há um ano, Hess desistiu da batina para se dedicar aos filhos Morgan (Rory Culkin, irmão do ex-astro Macaulay), 10 anos, e Bo (a gracinha Abigail Breslin), 5, e levar uma vida cética. Seus valores serão questionados quando sua plantação aparece desenhada, da noite para o dia, por dois círculos gigantes unidos por uma linha.
Ao ligar a TV, Hess descobre que o fenômeno acontece no mundo todo – até no Brasil, onde uma gravação caseira filma um dos ETs. A babá eletrônica de sua filha capta sons estranhos, os animais agem de maneira violenta e as evidências de que a Terra está sendo invadida são cada vez maiores.
Hess vê seu estranho vizinho, Ray Reddy (o próprio Shyamalan), abandonar o lar e deixar um ET dentro no armário. Ele prefere se trancar dentro de casa com a família. A parte mais tensa começa aí. Como em O Sexto Sentido, o suspense não está no que se vê, mas no que a nossa imaginação cria em cima do pouco que o diretor nos mostra.
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