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Descaso marca terminais de ônibus do Grande ABC
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
10/10/2004 | 16:16
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Total descaso com relação às rodoviárias e aos terminais de ônibus da região. Durante duas semanas, o Diário percorreu os 19 pontos de embarque e desembarque de passageiros que o Grande ABC possui e se deparou com um retrato nada animador. A maioria deles encontra-se em péssimo estado de conservação. Ou por ação do tempo, ou por falta de manutenção ou ainda pela ação de vândalos, que não poupam sequer equipamentos de segurança, como mangueiras de incêndio.

Na região, nove desses espaços estão sob o domínio das prefeituras, que muitas vezes não oferecem subsídios mínimos para manutenção. Em Mauá, por exemplo, o piso do miniterminal do Itapark é de terra batida. Para agravar a situação, um córrego não canalizado passa a poucos metros de onde os passageiros aguardam ônibus. Não existe qualquer gradil para evitar acidentes.

Quando chove, o beiral do telhado do prédio da administração é o único abrigo para se proteger da água, uma vez que o espaço não conta com qualquer tipo de cobertura. O mesmo descaso ocorre em outros miniterminais da cidade, nos bairros Nova Mauá e Itapeva. O primeiro atende os moradores da favela do Macuco. Localizado em uma praça, o local não possui característica alguma de terminal. É apenas um banco coberto por um pequeno telhado. No Itapeva, a cobertura é muito alta e quando chove os passageiros se molham.

Nas outras cidades da região que possuem equipamentos municipalizados, os usuários também convivem com situações de precariedade. Em Ribeirão Pires, apesar do grande número de cestos, não falta lixo espalhado pelo chão da rodoviária municipal. Os ambulantes trabalham, com autorização da Prefeitura, no meio das plataformas, atrapalhando a passagem dos usuários.

Goteiras - Em São Caetano, não existem bancos e todos os passageiros, independentemente da idade, aguardam o ônibus em pé. "O jeito é se encostar nas grades da plataforma. Mas tem que tomar cuidado para não se molhar. O teto está cheio de rachaduras e quando chove é goteira para todo lado", afirmou o professor de matemática Cláudio Roberto Fiorotti, 49 anos.

Em Santo André, apenas um dos cinco terminais é administrado pelo poder público. O espaço, que fica no bairro Utinga e é vizinho da estação de trens do bairro, é alvo de críticas dos usuários. O terminal foi construído sob um viaduto, que serve de abrigo, já que o espaço não possui cobertura própria. "Aqui, quando chove ou bate vento forte, é um Deus nos acuda", afirmou o estudante Marcos Battucci, 17 anos.

Em Diadema, dos três terminais de ônibus espalhados pela cidade, apenas um conta com o gerenciamento da Prefeitura. O terreno, apesar de grande, é pouco aproveitado. Faltam lanchonete, telefones públicos e banheiros. A sinalização é precária e as rampas de acesso para portadores de deficiência física são onduladas.

"A verdade é que esse terminal ainda não está terminado. Como ele fica em uma área de manancial, estamos aguardando do Ministério Público um acordo que nos permita continuar as obras", afirmou Sílvia Torres, presidente interina da ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema). Entre os pontos previstos no ajustamento de conduta está a criação de uma área verde para compensar o dano ambiental gerado pela obra.

"Em razão de todos esses imprevistos, hoje o terminal funciona como uma base de apoio para o embarque e desembarque de passageiros. Quando todo o projeto for concluído da maneira como planejamos, o terminal terá os mesmos cuidados de um espaço operado pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano), que hoje é considerado um padrão de excelência", afirmou a presidente da ETCD. Ainda não existe qualquer cronograma para que isso ocorra.

Mesmo com tantos problemas, todas essas cidades estão à frente de Rio Grande da Serra, o único dos sete municípios da região que não conta sequer com um terminal de ônibus. Os passageiros se aglomeram em grandes pontos de ônibus às margens da estação de trens da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), no Centro da cidade. "Sei que aqui é perigoso. Muitas pessoas já foram assaltadas", afirmou o soldado da Polícia Militar e usuário de ônibus em Rio Grande Fabrício Pereira, 19 anos.




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