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Placa e radar viram alvo no Grande ABC
James Capelli
Do Diário do Grande ABC
07/04/2001 | 16:07
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Praticar tiro ao alvo em placas e radares tornou-se um hábito comum nas cidades do Grande ABC. Em São Bernardo e em Santo André, os números do vandalismo são significativos. Segundo o Departamento de Trânsito de São Bernardo, os cinco radares móveis usados no município são atingidos por disparos pelo menos três vezes por mês; e cerca de 100 placas são trocadas anualmente por causa dos tiros.

Em Santo André são destruídas de três a quatro placas por dia. Nem todas por tiros, mas os disparos estão entre as principais formas de vandalismo. Durante o ano passado, foram registradas 20 ocorrências de destruição de radares na cidade, sendo que os fixos foram os mais atingidos: 14 vezes. Os quatro radares móveis sofreram seis ataques. Cada vez que são danificados, vão para manutenção, que inclui a aferição de seus componentes para garantir que continuem precisos.

A destruição de placas por vandalismo também é comum na Ecovias. Por ano, a empresa que administra o sistema Anchieta-Imigrantes troca cerca de 600 das 2 mil placas do sistema. Além dos tiros, elas são destruídas por fogo, pichação e outras formas de vandalismo. A empresa gasta R$ 1 milhão por ano na reposição das placas.

O despachante Sérgio Maranesi, morador de São Bernardo, ex-colecionador e conhecedor de armas, garante que o principal agente motivador dos disparos contra placas é a bebida. “São jovens embriagados que desejam sentir a emoção de puxar o gatilho. Eu já vi, em um carro que ia na minha frente, quatro jovens pararem só para atirar numa placa. Um deles descarregou a arma”, disse.

O perigo de uma pessoa ser atingida por uma bala perdida cujo destino seria uma placa ou um radar é grande, segundo Maranesi. “É um alvo difícil. Em um radar, por exemplo, o atirador precisa de uma carabina para acertá-lo sem ser visto. Se a intenção é destruir o instrumento, pode utilizar uma espingarda calibre 22 e munição do tipo dum (balas de cabeça oca que explodem quando atingem o alvo). Como as placas nas áreas urbanas são finas, uma bala calibre 38 pode perfurá-la e ainda manter a trajetória por mais 100 m.”

O delegado Cláudio Nomura, titular do 1º DP de Santo André, disse que a pena para o atirador que for flagrado disparando contra placas ou radares é de um a dois anos de detenção. Ele também disse que essa pena pode ser combinada com a de destruição ao patrimônio público, que prevê de um a seis meses de cadeia.

Nomura afirmou ainda que o atirador pode se complicar se colocar a vida de terceiros em perigo. “Se na tentativa de acertar uma placa ou radar, alguém sair ferido, é caracterizada tentativa de homicídio. Com o agravante de ser por motivo fútil. Se a vítima morrer, o crime é considerado homicídio doloso, com intenção de matar, e a pena nesses casos pode chegar a 30 anos de prisão”.




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