Participam ainda do debate - aberto ao público - o geógrafo Aziz AbSaber, os arquitetos Paulo Mendes da Rocha, Edson Elito e Joaquim Guedes, o ator Sérgio Mamberti, o diretor Hugo Possolo, o dramaturgo Aimar Labaki e a atriz Bete Coelho.
Como esta quinta é dia de Sao Pedro, Zé Celso vai acender uma grande fogueira no centro do Oficina - o fogo do conselho -, às 19 h. O músico José Miguel Wisnick vai interpretar, ao piano, a cançao "Inverno", às 21h, senha para o início do debate. "A minha casa é maloca rasgada no futuro/ é inverno é o eterno enquanto duro/ osso duro osso duro/ que ninguém há de roer", sao alguns versos da cançao.
Para Zé Celso, o confronto entre o Oficina e o shopping do dono da rede de televisao SBT é representativo de um embate muito mais amplo. "A luta do Brasil naçao contra o Brasil mercadao". É o espaço da criaçao artística e crítica contra o espaço do consumo. Enquanto o Oficina - desenhado para ser uma passagem, uma espécie de praça no Bixiga - representa o espaço público e democrático, o shopping reforça o apartheid econômico e social. "É difícil convencer um empresário que a luz, a água, o fogo e o ar, elementos fundamentais ao Teatro Oficina, sejam mais importantes do que a construçao de um shopping".
Nao há dúvida de que, se for construído o prédio desenhado pelo arquiteto Júlio Neves - um centro de compras e lazer de oito andares com direito a uma torre com vista panorâmica -, as características arquitetônicas do Oficina estarao desfiguradas.
Patrimônio - A mobilizaçao dos intelectuais nao deveria ser o único obstáculo no caminho de Silvio Santos. Afinal, o Oficina foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1982 e, pelas normas estabelecidas pelo Condephaat, nenhuma obra pode ser feita no entorno de 300 metros de cada imóvel tombado. No entanto, o próprio Condephaat - que ressaltou nao só a importância arquitetônica, como também artística do Oficina no parecer de tombamento - aprovou a obra de Silvio Santos em 1997.
"O parecer para aprovaçao foi apocalíptico, na linha se está ruim, deixa ficar pior", diz Zé Celso. A alegaçao foi de que a área já estaria degradada pelos elevados e prédios construídos no entorno. Mas nem tudo está perdido.
Nesta quinta à noite, a partir das 19h, Zé Celso vai autografar o livro "Lina Bo Bardi, Teatro Oficina - Oficina Theatre", uma publicaçao bilíngüe - português/inglês - com textos de Lina Bo Bardi, Edson Elito e Zé Celso. Fartamente ilustrado, o livro documenta a transformaçao arquitetônica do histórico prédio e, principalmente, resgata a importância do Oficina para o teatro brasileiro, narrando passo a passo a aventura de uma criaçao artística e simbólica fundamental para o Brasil. A história de uma luta vitoriosa apesar do insistente e concomitante cerceamento das censuras ideológica e econômica.
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