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Paranapiacaba perde 2 peças e vira caso de polícia
Sérgio Saraiva
Da Redaçao
02/11/1999 | 19:25
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Duas peças, cada uma pesando de 3 a 4 toneladas, pertencentes às máquinas fixas do sistema funicular da Vila de Paranapiacaba, em Santo André, foram removidas do local na madrugada de domingo passado.

A denúncia é do presidente da entidade ambientalista Mae Natureza, Eric Tadeu Lamarca, 26 anos, que registrou uma ocorrência por "remoçao indevida" das peças no 1º DP de Santo André. Para o ativista, nao há dúvida de que o tombamento de Paranapiacaba incluía todo o sistema funicular. As duas peças estavam sobre um vagao-prancha no pátio da estaçao.

Na véspera do sumiço das peças, cinco entidades preservacionistas haviam promovido um abraço simbólico a três locobreques e vários vagoes de valor cultural que estavam sendo desmanchados para virar ferro velho. Cerca de 50 pessoas compareceram ao ato.

O sistema funicular, que servia para puxar as composiçoes na subida de Santos a Paranapiacaba, era formado por cinco patamares instalados a cada 3 km. As peças pertenciam a uma espécie de roldana gigantesca que servia para puxar os cabos de aço. Esse esquema permitia que o trem que estava subindo a serra fosse puxado pelo que descia

De acordo com Eric, as entidades que lutam para defender o patrimônio da Vila nao esperavam pela açao, já que o desmanche dos trens havia sido paralisado frente ao movimento. Os ativistas avaliam que as peças foram carregadas por um dos trens de carga que passam pela estaçao por ordem da Rede Ferroviária Federal (RFFSA). Ninguém testemunhou a operaçao. O BO tem o número 11.898.

A autorizaçao para o desmanche partiu do superintendente da RFFSA em Sao Paulo, Airton Franco Santiago. Segundo ele, nenhum dos equipamentos foi tombado pela Rede ou pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico). Os trens, com mais de 100 anos, foram leiloados como sucata em julho. Um dos locobreques já foi parcialmente desmontado com o uso de maçaricos.

A própria entidade está entrando nesta semana na Justiça, apoiada no Ministério Público Federal, com duas açoes públicas contra o desmanche do patrimônio cultural de Paranapiacaba. Em uma delas, criminal, a entidade pede a responsabilizaçao penal da RFFSA e também de seu representante legal no Estado.

Na outra, uma açao cível pública, a entidade pede uma indenizaçao e a reparaçao dos danos causados ao patrimônio pela açao da RFFSA. Segundo o advogado da Mae Natureza, Donisete Garcia, esta incluirá o pedido de uma liminar para a suspensao do desmanche.




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