Goodman constrói estrutura logística na região da Avenida dos Estados; entrega está prevista para novembro e serão gerados 17 mil empregos
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Uma enorme estrutura está sendo erguida no espaço onde, por quase um século, a Rhodia fabricou diversos produtos químicos, em Santo André. Com investimento de R$ 360 milhões, a Goodman, empresa de origem australiana e que tem operações em 19 países, constrói um galpão com 64 mil metros quadrados, que será destinado a operações de logística, podendo ser locado para um ou mais clientes, que gera cerca de 5.000 empregos (diretos e indiretos) durante a obra, e tem potencial para criar 17 mil quando entrar em operação, a partir de novembro, quando o empreendimento estiver finalizado.
“Este galpão tem gerado muita atenção de clientes, principalmente os grandes clientes. O alvo são grandes players do e-commerce. Aqui a gente vê uma vocação para aqueles que têm a logística espalhada se consolidarem (em um único local). Porque oferecemos um grande espaço, supercentral, superperto de São Paulo. Atendendo o Grande ABC e Capital. Aqui tem mão de obra, tem transporte, tem faculdade, shopping e pessoas morando aqui próximas”, afirma Edith Bertoletti, diretora executiva da Goodman.
As negociações entre a empresa e a Rhodia tiveram início em 2018, cinco anos após o encerramento das atividades da indústria química, e foram concluídas em 2021. Em paralelo às tratativas, as duas empresas e a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) começaram a debater formas de descontaminar o solo, bombardeado por vários elementos químicos ao longo do tempo.
“Rastreamos todo o terreno e identificamos algumas áreas que tinham maior concentração de contaminantes e, junto da Cetesb, traçamos um plano de intervenção. Em alguns locais a gente teve de remover o solo contaminado e direcionar para aterros especializados. Em outros locais, a gente identificou algumas contaminações que estavam mais profundas e agora estamos fazendo um sistema de injeção de produtos químicos que neutralizam. Com isso, toda a área fica segura”, declarou Marcio Kamiyama, diretor de Engenharia da empresa.
Para enfrentar as enchentes, problema causado pelo Rio Tamanduateí, que corre ao longo da Avenida dos Estados, a solução foi elevar o terreno em cerca de quatro metros. Para essa operação foram necessários 450 mil metros cúbicos de terra e a instalação de 5.000 estacas. Este foi o processo mais demorado da obra, que hoje está na fase de instalação da cobertura.
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De acordo com Kamiyama, a elevação evitará que, em possíveis transbordamentos do Tamanduateí, a água venha a invadir a estrutura do galpão logístico. Dois testes ocorreram durante a obra, quando o rio encheu, transbordou e a construção não foi afetada.
Na instalação do galpão logístico dois pontos merecem especial atenção: o teto, pois não pode haver goteiras nem infiltrações, que danificam as mercadorias, e o piso, por causa do deslocamento de máquinas.
No espaço que está sendo construído são utilizadas telhas de aço sem emendas – com cerca de 60 metros de comprimento), separadas por domus transparentes para entrada de luz natural e instaladas a 12 metros de altura do solo. O piso, nivelado uma por máquina , suporta até seis toneladas de peso, segundo Mara Afetian, diretora de Desenvolvimento da Goodman.
“O piso tem de ser perfeito para que o cliente (que locar o espaço) trabalhe com automação. Se tiver qualquer bump (ressalto), o robô não consegue atuar. Temos de ter muita qualidade. Essa é uma obra que não deixa a dever para nenhuma dos Estados Unidos ou Europa”, reforça Edith.
O projeto prevê ainda a instalação de painéis solares para a captação de energia.
‘A gente chega com muito respeito’
O projeto da Goodman contempla uma série de ações complementares para valorizar a unidade de Santo André. Dentre elas, o restauro dois galpões e o plantio de 4.400 árvores ao longo do empreendimento, que terá o muro rebaixado, com instalação de gradil para que as pessoas, da Avenida dos Estados, possam ter visão do espaço.
“A gente chegou com respeito nessa área. Trabalhamos a quatro mãos junto com a Rhodia. A terra não foi contaminada porque era uma má empresa. Não. Pelo contrário. A Rhodia sempre foi uma empresa séria. Foi uma questão de época. Não tinha essa preocupação (ambiental)”, afirma Edith Bertoletti, diretora executiva da Goodman.
A empresa também doou parte do terreno para a instalação do Cite (Centro de Inovação Tecnologia e Empreendedorismo), uma estrutura que estimula a integração e a troca de conhecimento do ecossistema de inovação da cidade e que contará com empresas âncora, coworking espaço de incubação e/ou aceleração, laboratórios compartilhados espaços para eventos e reuniões, entre outros setores. Uma passarela permitirá o acesso do Cite aos galpões que pertenciam à Rhodia e que estão sendo recuperados.
A Goodman também contratará artistas locais para produzir painel que será instalado no espaço. Para isso, vai iniciar tratativas com a Secretaria de Cultura de Santo André.
“Não é apenas subir um galpão, isso é fácil. É subir galpão com qualidade. E o padrão que a gente tem na Goodman é um padrão que poucas empresas entregam no Brasil”, declarou Edith.
Galpões serão restaurados para preservação da história
Um pouco da história da Rhodia será preservada e revisitada dentro do empreendimento. Dois galpões que pertenciam à indústria química estão sendo restaurados e vão guardar um centro de memória da empresa, cujo contrato de fundação foi assinado na França, em 19 de dezembro de 1919, começou a ser construída em janeiro de 1920 e começou a fabricar ácido sulfúrico em 1921.
Para cuidar do restauro a Goodman contratou a Carthago, que, entre outras obras, restaurou dois ginásio do Pacaembu. Segundo Luís Augusto Silva, diretor de operações da empresa, esta é atualmente a maior obra tombada em desenvolvimento no Estado de São Paulo.
São 1.848 metros de construção em um total de 2.480,45 metros de área que serão preservados. O restauro prevê a recuperação das telhas, dos tijolos, do madeiramento da estrutura do telhado – que é de peroba rosa –, recuperação de alguns caixilhos e de uma porta de madeira (também em peroba), dos paralelepípedos, luminárias, tacos de madeira e de algumas comportas dos acessos dos pavilhões.
Atuam na obra de restauro 70 pessoas, a maioria oriunda de outros países. Há operários da Itália, Haiti, Guiné Equatorial, Guiné Bissao, Togo, Cuba, Nigéria, Portugal, Venezuela e Angola.
A maior dificuldade encontrada, segundo Silva, foi devolver a cor original às madeiras. Com o passar do tempo, o tom avermelhado da peroba acabou se perdendo.
A restauração foi debatida entre a Goodman e o Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André).
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