Foram cumpridos mandados em Sto.André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande; suspeito de estelionato acabou preso
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A Operação Rent a Car, da Polícia Civil de São Paulo, cumpriu ontem 14 mandados de busca e apreensão de mais de 1.000 veículos, além de pessoas envolvidas em esquema fraudulento, em endereços nas cidades de Ribeirão Pires, Mauá, Santo André e Rio Grande da Serra. Somente em um pátio em Ribeirão Pires, onde funcionava uma concessionária e oficina mecânica, foram apreendidos 700 carros.
O principal investigado, Dennis Mobile Costa, comprava, licitamente, veículos de locadoras com o valor de financiamentos feitos em nome de ‘laranjas’ e não pagava às financiadoras – revendia ou alugava os carros a terceiros. A polícia descobriu que ele movimentou mais de R$ 100 milhões em um ano por meio deste crime. O delegado titular do 42° DP (Distrito Policial), Alexandre Bento, disse ao Diário que o estelionatário estruturou um complexo esquema com várias ramificações e atividades criminosas.
“Ele montou uma estrutura de ‘laranjas’ e com esses nomes abriu cerca de 30 empresas para financiar todos esses carros. Quando um nome estourava, ele abria outra empresa. Além do golpe nas financiadoras, ele locava (os carros), especialmente para motoristas por aplicativo, com contratos com cláusulas abusivas, do tipo se atrasar uma hora a entrega do carro teria que pagar multa de 30%”, relatou.
Um desses ‘laranjas’ foi Júlio Makoto, 42 anos, há oito funcionário da oficina do investigado em Ribeirão Pires, onde a maior parte dos veículos foi apreendida. Há cerca de seis anos ele começou a emprestar seu nome para o patrão adquirir veículos financiados. “Tinha conhecimento de somente uns dez carros, mas fiquei sabendo aqui na delegacia que são 20 e que eles estão com dívida em meu nome. Também não sabia que alguns dos carros foram utilizados para praticar roubos”, contou o mecânico.
A moradora de Mauá Patrícia (nome fictício), 23, comprou na concessionária de Ribeirão Pires um carro avaliado em pouco mais de R$ 30 mil, mas pagou quase três vezes esse valor. Ela deu de entrada um outro veículo e acordou mais 60 prestações de mais de R$ 1.000. Caso os compradores atrasassem a prestação, os carros, que eram rastreados sem conhecimento do novo proprietário, eram recuperados de forma violenta.
“Se atrasasse um dia ele vinha atrás, sempre ameaçando e alegando que estava armado. Eles perseguiram meu marido com meu filho dentro do carro. Desconfiamos e confirmamos depois que estávamos sendo rastreados. Eles pegaram nosso carro de forma bem violenta. Eu já tinha pago cinco parcelas em dia. Tudo isso foi por um único dia de atraso”, afirmou.
SORTEIO
A operação deflagrada ontem teve investigação iniciada em outubro, a partir de uma denúncia de um sorteio fraudulento nas redes sociais. “Venderam rifas para o sorteio de uma Porsche, que não ocorreu. A partir dessa denúncia percebemos que havia uma situação suspeita, pois o Dennis tinha mais de 300 carros em seu CPF”, contou o delegado titular do 42° DP.
Alexandre Bento disse ainda que há indícios que caracterizam lavagem de dinheiro e que os atos ilícitos aconteciam havia pelo menos três anos. O estelionatário tinha facilidade por ter uma empresa que realiza vistoria de veículos credenciada pelo Detran.
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