Recursos em caixa caíram 68,6% em 2022 e 2023, para R$ 18,9 milhões; autarquia de S.Bernardo rechaça prejuízo e atribui queda a investimentos
Balancetes públicos da Faculdade de Direito de São Bernardo demonstram que as finanças da autarquia se deterioram nos anos de 2022 e 2023, os quais correspondem à gestão do diretor Rodrigo Gago Freitas Vale Barbosa. No período, os recursos em caixa diminuíram 68,64%. A instituição de ensino superior, no entanto, rechaça prejuízos e garante que a movimentação financeira integra pacote de “investimentos estratégicos”.
Documento ao qual o Diário teve acesso mostra que, no início de 2022, a Faculdade tinha reservas em caixa de R$ 60.354.771,54. Houve ingresso de R$ 77.037.189,68 no acumulado do ano, mas o montante acumulado de desembolsos com pessoal, juros e encargos de dívidas e gastos operacionais totalizaram R$ 74.986,926,86.
Ainda com saldo em conta, a gestão do diretor Rodrigo Gago mostra, segundo a planilha de ‘demonstração dos fluxos de caixa’ datada em 31 de dezembro de 2023, que outros R$ 7.574.784,61 foram empenhados em ‘atividades de investimentos’.
No fechamento da contabilidade de 2022, o caixa tinha R$ 54.830.249,75, valor este consolidado e disponível para o ano seguinte.
Em 2023, os ingressos foram semelhantes aos do ano anterior, com R$ 77.864.298,16, mas os desembolsos totalizaram R$ 89.547.992,62, o que resultou em déficit de R$ 11.683.703,46. Mesmo com o saldo negativo, a gestão do diretor Rodrigo Gago aportou R$ 24.219.561,87 ‘em atividades de investimentos’.
A gestão da Faculdade de Direito, autarquia da Prefeitura que ficou os últimos oito anos sob o guarda-chuva do prefeito Orlando Morando (PSDB), não detalhou quais foram estes investimentos.
No Portal da Transparência constam informações sobre três obras, que totalizam R$ 8.930.319,95 em investimentos. No entanto, o memorial descritivo não traz datas - apenas que as intervenções estão em andamento.
Ao final do acumulado dos 12 meses de 2023, o caixa da autarquia de ensino superior ficou em R$ 18.926.984,42, ou 68,64% menor na comparação com o caixa disponível no início do ano anterior.
O diretor Rodrigo Gago, ao tomar ciência sobre o conteúdo desta reportagem, colocou-se à disposição para uma entrevista. “Vamos agendar um bate-papo? Assim tiro todas as dúvidas no que se refere à gestão”, disse. Ficou agendado para última segunda-feira o encontro na sede do Diário, mesmo após a assessoria da instituição ter se manifestado. Porém, horas antes da agenda previamente combinada, o diretor da Faculdade alegou compromisso no Fórum da cidade e remarcou para a quarta-feira seguinte, mas não compareceu para a entrevista sem avisar nem dar qualquer justificativa.
Diante das ausências do diretor da autarquia e por entender ser de relevância jornalística, de interesse público e após ter dado direito ao contraditório, o <CF52>Diário</CF> decidiu pela publicação da reportagem.
Em nota, a Faculdade de Direito de São Bernardo disse “que não há prejuízo financeiro, e sim investimentos estratégicos em modernização e reestruturação”. “Reformas estruturais e avanços tecnológicos foram implementados, incluindo a substituição de telhados e pisos, construção e reforma de banheiros, auditoria de salas de aula, modernização tecnológica com Wi-Fi 5G, lousas digitais, sistemas de áudio e som, ar-condicionado e câmeras de monitoramento. Praticamente todo o campus foi revisitado e atualizado.”
A autarquia ainda destacou que, “assim como muitas outras instituições, enfrentou redução no número de alunos durante a pandemia. Porém, os investimentos realizados geraram resultados excepcionais” que “impulsionaram a retomada das matrículas aos níveis pré-pandemia, com previsão de crescimento em 2024.”
Por fim, a Faculdade garantiu que a “redução no caixa não é um resultado negativo, mas sim o reflexo de um compromisso estratégico”.
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