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Mudança em vacina da pólio afeta 100 mil crianças no Grande ABC

Ministério da Saúde anunciou a substituição da famosa ‘gotinha’; nova diretriz troca duas doses do imunizante oral por apenas uma injetável

Renan Soares
05/11/2024 | 20:29
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Banco de Dados/DGABC


Cerca de 106 mil crianças do Grande ABC, segundo números do Ministério da Saúde, passarão a ter seu esquema vacinal contra poliomielite composto, exclusivamente, por uma dose de VIP (Vacina Inativada Poliomielite). A decisão da Pasta de substituir as duas doses de reforço com VOPb (Vacina Oral Poliomielite Bivalente), a famosa ‘gotinha’, pela injetável levou em conta as novas evidências científicas para proteção contra a doença. Segundo o governo federal, com o avanço tecnológico, será possível garantir uma maior eficácia do esquema vacinal. 

Antes, o esquema de vacinação contra a poliomielite funcionava com três doses, aplicadas aos 2, 4 e 6 meses de vida, feitas com a vacina injetável, e os reforços ocorriam com a vacina oral, aos 15 meses e aos 4 anos. Com a nova diretriz, divulgada na última segunda-feira (4), o esquema será simplificado: as três doses injetáveis permanecem, mas o reforço será apenas aos 15 meses, também com a vacina injetável, eliminando a dose aos 4 anos.

De acordo com dados mais recentes do Demas (Departamento de Monitoramento, Avaliação e Disseminação de Informações Estratégicas em Saúde), do Ministério da Saúde, a região alcançou 30,3% de cobertura vacinal na campanha deste ano. A população-alvo do Grande ABC é de 116.020 crianças, e 35.152 doses foram aplicadas – sendo 9.203 da dose que encerra o ciclo, aplicada aos quatro anos. Assim, 106.817 crianças que ainda não completaram o ciclo não terão mais as doses por via oral no calendário. 

O número da cobertura vacinal na região está abaixo das médias registradas no Estado, com 32,85%, e no Brasil, com 35,53%. A meta do Ministério da Saúde é que a cobertura vacinal alcance 95% até o fim deste ano. Atualmente, há cerca de 38 mil salas de vacinação nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) em todo o País para aplicação das doses. 

“Mesmo com essa mudança, vacinar é fundamental para garantir uma proteção eficaz, com até 99% de imunidade após o ciclo completo. Além disso, a vacinação evita a circulação do vírus, reduzindo o risco de mutações e novas infecções em pessoas que possam ser vulneráveis”, afirma o médico Paulo Antônio Friggi de Carvalho, infectologista do Cejam (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim). 

De acordo com o médico, a principal diferença entre as vacinas é o tipo de vírus utilizado. “A vacina oral contém cepas de vírus vivos atenuados, enquanto a injetável utiliza vírus inativados”, diz.

Segundo Paulo, além de garantir eficácia máxima com menor número de doses, o uso exclusivo da vacina injetável elimina o pequeno, mas existente, risco de mutação das cepas atenuadas, presentes na vacina oral, que poderiam circular no ambiente e infectar pessoas com o sistema imunológico comprometido.

ZÉ GOTINHA

O famoso personagem Zé Gotinha, criado nos anos 1980, é o símbolo da luta contra a poliomielite e, além disso, foi usado para alertar sobre a prevenção de doenças imunopreveníveis. Mesmo com a mudança, ele continuará atuando em prol da vacinação e da vida. “O Zé Gotinha não vai desaparecer, pelo contrário, ele continua firme e forte na defesa do SUS e na promoção do PNI. Ele ajuda a promover não só o SUS, mas promover a vida, promover a vacinação”, aponta o diretor do DPNI (Departamento do Programa Nacional de Imunizações), Eder Gatti, Gatti. 

A poliomielite é causada por um vírus da família dos poliovírus, que ataca o trato intestinal, principalmente de crianças, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados. Em sua forma grave, a doença pode causar paralisia progressiva, resultando em sequelas motoras permanentes. A vacinação na primeira infância é uma forma de prevenção.




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