Katia Maciel, 47, atuou vendendo espetinhos de churrasco e como auxiliar de limpeza de escola; por meio da educação, teve a vida transformada
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Atendente de caixa, vendedora de espetinhos na rua, auxiliar de limpeza e secretária. Essas foram algumas das atividades que Katia Maciel, 47 anos, exerceu antes de encontrar a verdadeira vocação: ser professora. A docência chegou para ela enquanto trabalhava com limpeza escolar. Entre uma conversa e outra pelos corredores, ela foi apresentada ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) – descoberta que mudou toda sua trajetória.
No Dia dos Professores, comemorado nesta terça-feira (15), ela, que exerce a profissão há uma década, reflete sobre como as oportunidades dentro da educação são essenciais para instigar a transformação social.
“Passei por momentos bem difíceis. Meu pai morreu, era mãe solo, não tinha rede de apoio. Trabalhava embaixo de Sol e chuva para vender churrasco. Até que um dia me disseram sobre um concurso de auxiliar de limpeza”, relembra. “Com esse trabalho, prestava atenção em tudo o que acontecia na escola e comecei a entender o poder da educação em transformar o ser humano. Nessa mesma época, me falaram sobre o Enem.”
Segundo Katia, ela recebeu apoio da direção da escola em que trabalhava para se inscrever no vestibular. “Eu nem tinha terminado a escola, fiz só para receber a conclusão do Ensino Médio. Não sabia que, depois, conseguiria uma bolsa na faculdade com essa nota.”
Katia entrou no curso de pedagogia e prestou concurso para o cargo em 2014. Agora, professora do ensino fundamental I e EJA (Educação de Jovens e Adultos) em Diadema e São Paulo, ela também faz parte do programa diademense Dandara e Piatã, que ensina história e cultura afro-brasileira e indígena para a educação básica. “Foi um divisor de águas. Acredito que o que eu ensino para o aluno tem o poder de mudar a vida dele, conduzi-lo a ter o máximo de autonomia possível. A educação é emancipadora. Ajudá-lo a se valorizar, criar autoconfiança, é uma das funções mais gratificantes.”
Alinhada com o propósito de ajudar a formar a visão de mundo do estudante, Katia ainda observa impasses para uma educação igualitária.
>“A desvalorização salarial do professor, as jornadas duplas ou triplas e a falta de tempo para conseguirmos estudar dentro do horário de trabalho são os maiores desafios. Um país que não valoriza um docente não valoriza nada.”
SONHO DE SER DOCENTE
A paixão pelo magistério surgiu para Katia após ela coonhecer outras carreiras, mas, para Ligia Kill, 52, ser professora era um sonho de infância. Hoje, a docência é o que a motiva diariamente. “Amo ver meu aluno lendo e escrevendo. Essa é minha grande realização. A alfabetização é um ensinamento que fica para a vida inteira, é o primeiro passo para tudo”, diz Ligia, professora em Ribeirão Pires há 17 anos.
Apesar dos problemas comuns de toda profissão, ela encontra nas crianças a força de que precisa. “Em junho, perdi um dos meus filhos em um acidente. Isso mudou muito meu olhar para a vida. São os meus alunos que me dão a força necessária para passar por isso. Viver o luto é um momento de dor e aprendizado. Ensinar é um instante de amor. Eu sinto que me eternizo a partir dos aprendizados que passo aos meus alunos.”
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