O filho adotivo de Cid Moreira, Roger Naumtchyk, contou em uma entrevista para a coluna Gente, da revista Veja, que teria sofrido diversos assédios sexuais do locutor, que morreu no dia 03 de outubro. Ele foi morar com o jornalista quando tinha 14 anos de idade, por intermédio da tia, Maria Ulhiana Naumtchyk, com quem Cid era casado na época.
Nascido no Rio Grande do Sul, Roger foi passar uma semana com a tia no Rio de Janeiro em 1990 e foi aí que tudo começou. Segundo ele, Cid teria gostado tanto dele que decidiu chamá-lo para morar lá. Mesmo aos 14 anos de idade, ele era tratado como um secretário e isso fez com que ele acreditasse que fosse uma ótima oportunidade.
Atualmente, Roger trabalha como profissional de beleza e cuida da caracterização dos atores de Mania de Você, novela da Globo. Ele contou que o assédio teria começado logo cedo e que a adoção formal teria sido feita para evitar rumores. Na mídia, o apresentador sempre negou qualquer tipo de violência e alegava que Naumtchyk o estaria perseguindo e inventando histórias.
O caracterizador disse que assumiu seu primeiro relacionamento em 2004 e que isso teria deixado o pai com ciúmes, e segundo ele, teria até dado um jeito de se livrar dele:
[Ele falou] Que eu não poderia trabalhar com ele na gravação da Bíblia, que tinha que sair de casa e ir para o salão de beleza, que combinava mais. E Fátima [Sampaio, terceira mulher do jornalista] disse que eu não poderia continuar nos trabalhos da Bíblia, porque sendo gay mancharia a imagem do Cid.
Roger ainda relatou que teria sofrido diversos abusos, mas que na época não teria entendido direito o que estava acontecendo:
Nessa época, para mim, aquilo não era estupro ou assédio. Não considerava um abuso, nem imaginava o que era aquilo. Só agora, mais recente, entendi que fui abusado. Um tipo de estupro.
Ele começou contando o primeiro acontecimento que teria presenciado e disse que aquilo o deixou em choque:
Depois de uns dois meses morando com ele, voltando para dentro de casa, me deparei com ele fora da sauna completamente nu. Aquela situação me deixou em choque, a gente está falando em 1990. Eu era ingênuo em relação a isso. Subi logo ao escritório. Pouco tempo depois ele começou a dar uns gritos na sauna e desci correndo, achei que ele tivesse se machucado. E aí vi que ele estava se masturbando.
Mais tarde, ele teria descoberto que o episódio era algo constante e que todos os funcionários ouviam os gritos do apresentador e já sabiam o que estava acontecendo.
Algum tempo depois, comecei a fazer a sauna com ele a seu pedido. Eram 24 horas com ele, se ele ia para a Globo, eu ia também. Eu era sua sombra, considerado o carregador de malas, na Globo falavam que eu era garotão do Cid. Mas ele me tratava como filho. Até que um dia, nessas saunas, ele pediu para que eu passasse a ajudá-lo na masturbação, relatou ele.
Ele conta que para ele, aquilo não se tratava como algum tipo de abuso e que fazia parte do trabalho:
Para mim, o fato tinha que ter penetração. Não imaginava que aquilo ali já se concretizava um abuso sexual. Estava tão condicionado com aquilo, que não me machucava, não me violentava, eu bloqueava.
Segundo Roger, os possíveis abusos poderiam ter acontecido de formas dispersas, de três a quatro vezes por semana, ou nenhuma:
A gente sempre ficava no mesmo quarto [de hotel]. E nunca iam desconfiar. Se o filho é teu, é normal. Agora, se ficar no quarto com um garoto de 15 anos, pode gerar uma desconfiança. Era assim.
Os possíveis assédios teriam durado até 2000, ano perto da concretização da adoção dele: Era tratado como filho desde sempre, mas o documento oficial só em 2001, quando já tinha 25 anos [de idade]. Fiquei morando lá com ele até 2006.
Apesar de tudo, Naumtchyk revelou ter pena do pai e que gostaria de ter conversado com ele mais uma vez antes de sua morte. Sua última conversa foi via e-mail, em 2014, quando Cid contou que queria deserdá-lo:
Ele tinha um problema, vício por sexo. Isso foi o que ocasionou que Fátima também conseguisse manipulá-lo durante todo esse tempo. Gostaria de falar daqueles abusos. Para mim, é uma coisa encerrada, não é algo que alimento com ódio. As pessoas falam: você tem ódio dele porque ele era abusador? Não, não tenho ódio. Mas é óbvio que me causou algo, hoje em dia sou meio assexuado. Era um direito nosso ter esse contato com ele, mas a Fátima nunca permitiu.
Por fim, ele contou que não tem muito contato com seu irmão, Rodrigo, e que Moreira sempre o detestou:
Não tinha contato com Rodrigo, ele nunca participou da casa. Cid sempre detestou ele. O único contato que Cid teve com ele foi aos dois anos [de idade] e um outro com nove [anos de idade]. Cid sempre odiou ele, mas nunca soube porquê. Tinha comentários de que ele era gordo, vagabundo, que não trabalhava? Conheci o Rodrigo recentemente, em 2021. E mesmo agora, a gente tem vidas diferentes.
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