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Pacote traz o fino do choro
Gislaine Gutierre
Do Diário do Grande ABC
12/11/2003 | 20:32
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Dino Sete Cordas, Pixinguinha, Garoto, Altamiro Carrilho e outros grandes chorões da história da música brasileira ganham uma nova homenagem. A gravadora EMI acaba de colocar nas prateleiras a coleção 10 Grandes Solistas, na qual são resgatados um título ou período específico da carreira do artista, em gravações originais.

A idéia não é traçar um panorama da produção do gênero no país, mas pinçar trabalhos reveladores desses expoentes. De Pixinguinha, por exemplo, a gravadora fez um apanhado que abarca sua produção fonográfica nos anos 1919 e 1920, quando ele ainda se dedicava à flauta.

Essa compilação, batizada como O Jovem Pixinguinha, toma como ponto de partida o período em que liderava Os Oito Batutas. Depois, mostra um Pixinguinha arranjador, em faixas como Desprezado e Tapa-Buraco. Só foge desse período Recordando, de 1935.

Outro mestre da flauta, Altamiro Carrilho ganha reedição de Choros Imortais nº 2, gravado em 1965 com a participação de velhos companheiros do Regional do Canhoto. Nele, o jovem Altamiro mostra todo seu virtuosismo, em clássicos como Urubu Malandro e Sonoroso. Sua agilidade, extensão no aproveitamento da flauta e brilho já faziam dele um intérprete espetacular. É um belíssimo disco.

Ainda na turma dos sopros, há o resgate do disco Brasil, Sax e Clarineta, com o chorão Abel Ferreira em plena forma, celebrando em 1976 a retomada do gênero ocorrida um ano antes. Seu trabalho é melodioso, delicado, suave. Está no disco sua mais famosa composição, Chorando Baixinho, de 1942.

O trombonista Raul de Barros é representado pelo disco Brasil, Trombone, que começa com seu grande sucesso, Na Glória. É um trabalho que fica na fronteira entre gafieira e choro e, por isso, soa mais dançante. Originalmente lançado em 1974, conta com Dino e Meira nos violões, Canhoto no cavaquinho e Wilson das Neves na bateria, entre outros.

Cordas e grupos – Nome respeitado até esta quinta, o Conjunto Época de Ouro é representado não por um disco com seu fundador Jacob do Bandolim no primeiro plano, mas sim com o lendário Dino Sete Cordas. A reedição é do disco Dino 50 Anos, que contou com a participação de ilustres convidados, como Paulinho da Viola e Zé Bodega.

Só mais um grupo é homenageado: Os Chorões, com o disco Chorinho da Pesada. Neste caso, não para ressaltar um solista, mas o talento individual de seus integrantes, que se alternavam nos solos: Radamés Gnatalli (piano), Zé Bodega (sax tenor), Abel Ferreira (clarinete), Raul de Barros (trombone), Netinho (sax alto e clarinete) e Porfírio Costa (trompete). E o curioso é que a esse time foram incorporados baixo, guitarra e bateria – instrumentos “intrusos” no choro tradicional.

Nas cordas, a série está muito bem representada. Um deles é Déo Rian, que assumiu o posto de Jacob do Bandolim no Conjunto Época de Ouro. Dele foi feita a reedição de Choros de Sempre, gravado em 1974.

Outro é o lendário Garoto, que em 1939 foi com Carmen Miranda aos EStados Unidos, onde recebeu forte influência do jazz. As músicas desse disco, batizado como O Gênio das Cordas, traz gravações de 1949 a 1955, ano de sua morte.

A grande riqueza desse pacote reside na diversidade. Da mesma forma que se pode apreciar o apuro técnico e o arrojamento do maestro Radamés Gnatalli no CD Radamés Gnatalli Sexteto, é possível se deliciar com toda extroversão do repertório de Raul de Barros, por exemplo. Mais importante que isso é que qualquer que seja a escolha, é acertada. Aqui está o fino do choro.




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