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Um celular é roubado ou furtado na região a cada 36 minutos, em média

No primeiro semestre, 7.164 aparelhos foram subtraídos de seus donos, mas Grande ABC registra queda nas ocorrências deste tipo de crime

Renan Soares
04/08/2024 | 08:00
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Claudinei Plaza/DGABC


No Grande ABC, em média, um celular é furtado ou roubado a cada 36 minutos. É o que mostram os dados de ocorrências obtidos pelo Diário junto à SSP (Secretaria de Segurança Pública), por meio do Números sem Mistérios. No primeiro semestre de 2024, 7.184 aparelhos foram retirados de seus donos na região, sendo 2.646 furtados e 4.538 roubados.

A cidade de Santo André lidera a lista com 2.347 crimes, seguida de perto por São Bernardo, com 2.093. Diadema (1.208), Mauá (924), São Caetano (469), Ribeirão Pires (124) e Rio Grande da Serra (19) completam os números da região. Apesar do alto índice, no ano de 2024 os roubos e furtos de celulares tiveram queda de 25,5% no Grande ABC, com cerca de 2.456 casos a menos do que no mesmo período do do ano anterior. 

O Estado de São Paulo registrou 63.001 itens furtados e 50.941 aparelhos celulares roubados, totalizando 113.942 durante o período, queda de 22,5% em relação a 2023, quando houve 147.133 casos para o delito. O levantamento realizado pelo Diário contabilizou o número de aparelhos roubados ou furtados, e não o de ocorrências, visto que um mesmo registro pode conter mais de uma unidade saqueada. Além disso, foram consideradas apenas as primeiras versões dos boletins de ocorrência, já que as complementares “repetem” informações de um registro já feito.

Conforme cita Guaracy Mingardi, membro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), um celular roubado ou furtado pode render de R$ 200 a R$ 500 ao autor do crime, que geralmente vende o item para um receptador. “Ninguém anda com dinheiro no bolso, nem relógios caros. O bem mais valioso de todos hoje é o celular”, diz o especialista. “Além da venda, o aparelho pode servir para tirar dinheiro do dono mediante fraude bancária ou mesmo um simples saque pelo banco digital”, avalia.

Em nota, a SSP do Estado de São Paulo diz atuar permanentemente para coibir os crimes patrimoniais, incluindo os roubos e furtos de celulares. Citando números de queda, a Pasta afirma que “os resultados positivos foram obtidos pela ação integrada e contínua das forças de segurança paulista e a operações específicas, voltadas ao combate destas modalidades criminosas, incluindo os receptadores”.

CUIDADO

Para Vinicius Olivério, especialista em tecnologia e fundador da Urmobo, plataforma de gerenciamento de dispositivos móveis e gestão de ativos, é preciso redobrar a atenção, principalmente em horários com maior movimento de pessoas e ao cair da noite. “É possível apagar os dados do seu celular roubado por meio dos aplicativos oficiais de cada marca de aparelho. Isso evita que seus dados pessoais, como aplicativos de banco, senhas de cartões, redes sociais, sejam acessados”, orienta.

Outro ponto importante é bloquear o IMEI e o chip na operadora. Nesse caso, o aparelho só poderá se conectar à internet via Wi-fi e transferir dados com o bluetooth, mas não poderá mais fazer nenhum tipo de ligação ou acessar a rede de dados. “Logo após o roubo, o aparelho pode ser hackeado, desmontado para ter as peças usadas em consertos ou até mesmo zerado e enviado para outro país. Caso não consiga fazer o bloqueio previamente, faça logout de todas as suas contas, desvincule suas contas financeiras e desative o WhatsApp”, explica Vinicius.


Atenção: área central e período noturno são mais perigosos

Com 7.184 celulares roubados ou furtados no primeiro semestre deste ano, a região liga o alerta para as regiões centrais. Segundo levantamento do Diário sobre os três bairros mais perigosos no Grande ABC, o Centro foi o com mais registro de crimes em seis das sete cidades – apenas em Mauá a localidade ficou na segunda colocação. (A relação de ruas, marcas, locais e horários pode ser observada na arte) 

Em Santo André, o Centro liderou o número de ocorrências com 339 casos, seguido pelo Bairro Jardim, com 71, e a Vila Guiomar, com 57. 

Em São Bernardo, a área central contabilizou 430 casos, seguida pelo Rudge Ramos, com 170, e Assunção, com 113. São Caetano também não ficou imune à onda de criminalidade no ponto central, registrando 88 ocorrências, 37 no bairro Fundação e 28 no Santo Antônio. Em Diadema, o Centro registrou 345 casos, Conceição, 109, e Piraporinha, 101. Mauá teve o Jardim Zaíra como o bairro mais afetado, com 115 registros, enquanto a área central ficou na segunda posição, com 98, e o Parque São Vicente, fecha o top 3, com 39.

Ribeirão Pires registrou 32 ocorrências no Centro, e os bairros Vila Aurora, Ponte Seca e Aliança contabilizaram três casos cada, na segunda posição. Em Rio Grande da Serra, o ponto central registrou seis ocorrências, enquanto Vila Lopes e Vila Niwa registraram 3 e 2 casos, respectivamente. As ocorrências foram obtidas pelo Diário junto à SSP (Secretaria de Segurança Pública), por meio do Números sem Mistérios.

Para o professor pesquisador Erivaldo Vieira, da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado), a concentração de ocorrências em bairros centrais e nobres pode ser explicada por diversos fatores, como a presença de áreas turísticas, grande fluxo de pessoas, atividades noturnas e smartphones de alto valor nesses locais. “Enquanto isso, os bairros periféricos, apesar de terem grandes populações, parecem ter menos incidências, o que pode estar relacionado a um menor fluxo de pessoas com celulares de alto valor nas vias públicas ou diferentes níveis de vigilância e segurança”, avalia.

Os horários mais críticos para os roubos e furtos foram entre 18h e 0h, com 2.815 aparelhos subtraídos. O período entre 12h e 18h registrou 1.898 casos, seguido pela faixa das 6h às 12h, com 1.420, e a madrugada, entre 0h e 6h, com 1.004. Há ainda 47 registros sem horário especificado.

Aplicativo da União registra cerca de 2,1 milhões de pessoas cadastradas no País

da Redação

O Celular Seguro, programa do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) criado em dezembro de 2023, possibilita, em poucos cliques, o bloqueio das linhas, dispositivos e aplicativos digitais para vítimas de furto, roubo ou perda, reduzindo o risco de golpes. Cerca de 2,1 milhões de pessoas já utilizam a plataforma e por volta de 66,5 mil alertas de bloqueios já foram realizados em todo o País.

Quando o usuário da ferramenta emite um alerta, além do bloqueio às contas dos bancos parceiros, as operadoras de telefonia bloqueiam os chips dos telefones roubados, furtados ou extraviados. O objetivo da medida é evitar que bandidos utilizem os chips para clonar o WhatsApp e redes sociais. Além disso, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) também efetua o bloqueio do aparelho, a partir do IMEI, que é a identificação de cada celular.

“Estamos em constante aprimoramento para que o Celular Seguro fique cada vez mais simples de usar, oferecendo mais segurança ao cidadão. Neste ano, lançamos uma nova versão da ferramenta, além de estarmos em fase final para incorporar uma iniciativa desenvolvida pelo governo do Piauí, com foco na recuperação dos aparelhos roubados. É um compromisso e uma prioridade do Ministério da Justiça e Segurança Pública oferecer soluções tecnológicas, que fazem diferença na vida da sociedade”, destaca o secretário-executivo do MJSP, Manoel Carlos de Almeida Neto.




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