Ignorando a mobilização da sociedade, que se organizava via abaixo-assinado que já contava com 1.412 adesões, o chefe do Executivo de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSD), sancionou ontem projeto de lei, aprovado pela Câmara, que aumenta em absurdos 76,3% os salários de prefeito, vice-prefeito e secretários a partir de janeiro de 2025. Não que dar uma banana para o que pensa o eleitor seja algo raro na atual administração são-caetanense, mas esperava-se que, pelo menos, dada a repercussão negativa da majoração dos contracheques do primeiro escalão no momento em que saúde e educação colapsam na cidade, o assunto pudesse ser mais bem debatido. Ledo engano.
Embora tente transferir a responsabilidade do aumento salarial para a Câmara, ao dizer que o projeto partiu da mesa diretora do Legislativo, Auricchio sabe que só convence quem acredita em histórias da carochinha e é tão tapado a ponto de acreditar que a Terra seja plana. A imensa maioria dos vereadores – com as honrosas exceções de Bruna Biondi (Psol), Edison Parra (Podemos) e Ubiratan Figueiredo (União Brasil) – não tem autonomia alguma e não mexe uma caneta de um lado para o outro da mesa sem, antes, obter autorização expressa do chefe do poder Executivo. Se não estivesse de acordo com a farra com dinheiro público, o pessedista poderia vetar o aumento, como queria a população.
Se Auricchio manifesta tamanho desprezo pela opinião dos são-caetanenses, é justo que receba resposta proporcional da sociedade. Desta maneira, quem for contrário ao reajuste de 76,3% pode agir para impedir que vereadores e apaniguados do grupo que manda no Executivo se beneficiem do aumento. Basta não votar neles em outubro. O prefeito que sancionou a pornográfica majoração dos contracheques do primeiro escalão não vai estar com o nome nas urnas, mas Tite Campanella (PL), aquele mesmo vereador que debochou da população que protestava na Câmara no dia da votação, será seu representante... A oportunidade de a sociedade mostrar seu repúdio está, pois, logo adiante.
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