A sentença desfavorável ao prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSD), emitida pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na quinta-feira, por utilização de dinheiro ilegal na campanha de 2016, chegou muito tarde para tirá-lo do poder – o que obrigará a população da cidade a conviver com um embusteiro condenado pela Justiça no comando do Poder Executivo até 31 de dezembro. No entanto, ao receber a bênção do chefe do Executivo, o pré-candidato oficial à sucessão, vereador Tite Campanella (PL), tem a obrigação moral de explicar à sociedade de onde vieram os valores internalizados via caixa 2 no pleito que elegeu seu padrinho oito anos atrás. Este deve ser tema inescapável.
Evidentemente, a irregularidade na utilização de verba de campanha ora sentenciada pelo TSE é de total responsabilidade de Auricchio. Seu pré-candidato à sucessão não tem nada a ver com isso, a não ser o dever moral de, como representante ungido pelo atual prefeito, responder de onde veio a montanha de dinheiro que irrigou os cofres do então candidato ao Executivo são-caetanense. Tite tem acesso irrestrito ao gabinete e precisa se inteirar do que aconteceu há oito anos para, pelo menos, evitar que os erros se repitam em 2024. A questão não se encerrou com o julgamento unânime da quinta-feira. Ainda há muitas perguntas a serem respondidas para a sociedade são-caetanense.
A dupla de políticos, por enquanto, tem se mantido caladinha sobre o assunto, que se espalhou por São Caetano feito fogo em rastilho de pólvora. O tópico, todavia, certamente voltará ao debate durante a campanha eleitoral que se aproxima. A sociedade tem o desejo – e, mais do que isso, o direito – de saber. Quem vai fazer as perguntas necessárias? Para que Auricchio e o candidato a sucedê-lo no comando de seu grupo político não saiam totalmente impune do episódio, beneficiados pelas filigranas jurídicas muito bem exploradas por caríssimos escritórios de advogados, ambos precisam responder sem tergiversar: de onde veio o dinheiro que permitiu a vitória na eleição de 2016?
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