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Região tem 20 mil vigias clandestinos
Rogério Gatti
Do Diário do Grande ABC
04/03/2007 | 22:14
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Andando pelas ruas do Grande ABC, não é difícil avistar seguranças na porta de lojas, grandes empresas ou estabelecimentos comerciais dos mais variados ramos. Mas o dado que assusta é que apenas cerca de 7 mil desses profissionais são devidamente registrados na Polícia Federal e fizeram o curso preparatório necessário para exercer a profissão, enquanto mais de 20 mil pessoas prestam esse tipo de serviço clandestinamente na região. A estimativa é dos sindicatos de vigilantes.

O risco que pode representar um vigilante despreparado tem como exemplo recente o trágico caso que vitimou Vinícius Pereira da Silva, 4 anos, no último dia 24. O vigia de um posto de gasolina decidiu perseguir um assaltante que acabara de levar cerca de R$ 200 do local e, numa suposta troca de tiros, uma bala atingiu a criança, que morreu. A polícia investiga o caso, ocorrido no Jardim Santa Cristina, Santo André, para saber se o disparo que matou Vinícius saiu da arma do vigia (registrado pelo posto como frentista).

Segundo a delegada no ABC do Sesvesp (Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo), Miran Bazote, um vigilante treinado não teria uma reação dessas. “Os profissionais são treinados para defender o local, jamais sair perseguindo ladrão na rua. A segurança em vias públicas é estritamente reservada à polícia”, explica.

Mirian acredita que o custo para se contratar serviço de uma empresa terceirizada motiva a clandestinidade. “Realmente o preço é alto, pois a empresa tem alta carga trabalhista, visto que registra todos os vigilantes. Além de todo o trabalho burocrático para atender as exigências da lei e conseguir os certificados junto à Polícia Federal”, reconhece. Esses certificados, segundo Mirian, devem ser renovados anualmente. Para se ter idéia desse custo, uma segurança armada 24 horas em ponto fixo fica em média por R$ 9 mil ao mês. “Isso porque você vai usar diariamente de três a quatro funcionários para se revezarem no local, mais a estrutura de apoio com viaturas e sistema de comunicação”, explica a delegada.

Como muitas empresas não podem arcar com tal despesa, a dica de Mirian é que procure outra forma de fazer a segurança, desde que não seja a clandestina. “Há sistemas eletrônicos de câmeras e alarmes. O investimento é feito uma única vez, e existem os seguros”. Outro ponto que a delegada faz questão de ressaltar envolve o armamento. “É importante saber que os vigilantes não têm porte de arma. Esse documento é da empresa”, ensina.

Ainda segundo Mirian, a arma está vinculada ao cliente e deve ser registrada na Polícia Federal. “A empresa só tira o porte de uma determinada arma se estiver vinculada com o local que vai ser usada”. Ela explica que o vigilante terá porte funcional, ou seja, só poderá estar armado no local em que está prestando serviço, devendo repassar o objeto a outro profissional na troca de turno.

Quando o serviço é encerrado, a arma deve voltar para a empresa de segurança, que deve guardá-la em uma casa-de-armas. “É uma sala com paredes mais grossas e um cofre”, conta Mirian. A empresa só poderá repassar armas para outro cliente mediante aprovação da Polícia Federal.

Quanto às armas utilizadas pelos vigias, Mirian é direta. “A arma padrão é o revólver 38, principalmente para segurança de pontos fixos. Qualquer outra arma precisa de uma autorização especial da Polícia Federal”. E caso o profissional seja surpreendido armado pela polícia em outro horário que não seja o de trabalho, responderá por porte ilegal de arma.



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