Setecidades Titulo Memória
Sorte. As juninadas dos nossos avós. Livros e artigos para festas. Bandeiras de santos. Balões, lanternas e archotes. Fogos do Rio e da Bahia

Estamos no Centro Velho de São Paulo, também chamado Triângulo Paulistano. O ano: 1904...

Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
04/06/2024 | 08:00
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Mas podia ser 1903 ou 1905. Uma festa percorrer o Largo da Sé, a Rua São Bento (ou Rua de São Bento), a Rua Quinze de Novembro. E as famílias mais abastadas dos arredores – como São Bernardo (Vila e Estação), São Caetano, Piraporinha, Ribeirão Pires, Rio Grande, Alto da Serra – tinham chance de trazer para suas casas e para os seus as novidades expostas em casas como a Loja do Japão.

A palavra “sorte”, do alto da página, tem a ver com as primeiras grandes livrarias paulistanas. Uma delas, a Livraria Universal, com livros e revistas editado por Laemmert & Cia, editores com raízes estrangeiras e matrizes no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Ou muito nos enganamos, ou as festas de Santo Antonio, São João e São Pedro tinham um quê que as diferenciavam das festas de hoje, mesmo as do Nordeste, com destaque para Campina Grande. Nesta cidade do interior de Pernambuco a Festa de São João é chamada de a maior do mundo, com duração de um mês para um público superior a 2 milhões de pessoas.

Não, as juninas paulistanas do começo do século passado não tinham um público deste tamanho. A população de São Paulo não chegava a 250 mil habitantes. Mas os românticos e namorados que buscavam as livrarias tinham à disposição uma bibliografia diferenciada cujos exemplares, hoje raros, com alguma “sorte” chegam a ser encontrados em baús dos nossos antigos.

DIVIRTAM-SE

“Memória” anotou alguns livros, com o palavreado de então, talvez mais interessantes nos seus “reclames” que as próprias publicações:

Revelações de cigano. Volume adornado com vinhetas burlescas.

Pacotilha poética. Perguntas facetas, respostas em mil versos.

Quiromancia. A arte de conhecer a sorte futura pelas linhas e veias das mãos.

O Fado. Livro de sorte (acompanha três dados).

Sonhos e visões. E a arte de explica-los “pelos oráculos mais célebres do Oriente”.

O mágico fluminense. Estojo com perguntas e respostas.

E mais: Manual do magnetizador. O mágico aparente. O século XX.

Segredos do feiticeiro Bachique.

Livro do destino. Álbum enigmático. Previsões da esfinge. Oráculo das damas de boa sociedade. Alta cartomancia. Passatempo dos namorados.

AMIGOS DA MEMÓRIA

Imaginem que surpresa reunir hoje, no novo milênio, alguns daquelas novidades embaladas pelo título “Livros de sorte São João e São Pedro”.

NOTAS

Livraria Universal, de Laemmert & Cia, sobreviveu, sob a administração de seus fundadores, os irmãos Laemmert, entre 1838 e 1909. Teve sucessores. Venceu crises, inclusive provocadas por incêndios. A Gráfica Laemmert voltou a publicar livros por volta de 1970.

Loja do Japão. Bazar de variedades fundado pelo português Manoel Garcia da Silva em 1884. Sobreviveu até meados do século XX, quando seus proprietários se associaram aos irmãos Klabin, partindo para outros empreendimentos.

Fontes: Estadão Acervo e Wikipédia, a enciclopédia livre.

Crédito do anúncio 1 – O Estado de S. Paulo, 3-6-1904

SORTIMENTO. Em 1904, na Rua de São Bento, 42, a propaganda da Loja do Japão, com os traques chamados superior fogo da China

DIÁRIO HÁ 30 ANOS

Sábado, 4 de junho de 1994 – Edição 8717

SANTO ANDRÉ – Newton Brandão vai enviar projeto à Câmara municipal pedindo a criação de frentes de trabalho em Santo André.

O prefeito tomou a resolução após ler entrevista de Herbert de Souza, o Betinho, no Diário.

Na matéria, o sociólogo pedia ajuda às prefeituras para combater o desemprego, meta da ação de cidadania contra a fome, a miséria e pela vida.

NOTA – Trinta anos depois são vistos homens e mulheres nas nossas cidades, cuidando de jardins públicos e executando outras tarefas. São as frentes de trabalho comuns na região, mesmo antes da sugestão do saudoso Betinho.

Memória já contou a história de um parente pobre do prefeito Saladino, encarregado de cuidar da Rua Martim Francisco, desde a Estrada do Oratório em direção aos altos do atual bairro Camilópolis. Quando chegava ao fim, o mato voltava a tomar conta do começo da estradinha, garantindo mais trabalho para o primo pobre dos Cardoso Franco.

EM 4 DE JUNHO DE...

1904 – Do correspondente do Estadão na Estação Rio Grande (da Serra) – Em Ribeirão Pires, brevemente, aparecerá um pequeno periódico com a denominação de “Timbre”, sob a direção de P. Monte Santo.

O jornal vai tratar dos interesses locais e será literário. Publicará belas poesias da lavra do seu diretor.

Auguramos que não acontece ao “Timbre” o mesmo que aconteceu ao Pyritampo, que morreu antes de nascer.

NOTA DA MEMÓRIA – Ainda não sabemos se o “Timbre” chegou a circular. Seria o primeiro jornal a se editar na região. O pioneiro, com certa regularidade, foi “O Monitor”, lançado em agosto de 1904 na Vila de São Bernardo.

1944 - Lançada a pedra fundamental da nova igreja de Mauá, pelo padre Antonio Negri, onde está a sede da Matriz da Imaculada Conceição, no Centro da cidade.

1979 – Associação Comercial e Industrial de São Caetano anunciava concurso de decoração de vitrines e ambientes como parte dos festejos de aniversário da cidade em julho de 1979.

HOJE

Dia Internacional das Crianças Vítimas de Agressão

Dia do Engenheiro Agrimensor.

MUNICÍPIOS BRASILEIROS

No Estado de São Paulo, hoje é o aniversário de Porangaba – em tupi, “lugar do belo”.

E mais: Cabaceiras (PB), Cristais (MG), Ererê e Quiterianópolis (CE), Joaquim Nabuco (PE) e Seberi (RS).

São Filippo Smaldone

4 de junho

(Itália, Nápoles, 1848 – Lecce, 1923), Padre.

Ilustração: Vatican News




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