Setecidades Titulo Falta renovação
Um terço da frota de veículos da região tem mais de 20 anos

Cerca de 36% dos automóveis do Grande ABC são de antes de 2004; especialista aponta contras

Renan Soares
21/04/2024 | 07:00
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FOTO: André Henriques/DGABC


O Grande ABC tem hoje cerca de um terço dos veículos com mais de 20 anos de uso. Levantamento realizado pelo Detran (Departamento Estadual de Trânsito) mostra que 36% da frota que roda pelas vias da região foram fabricados antes de 2004, totalizando 581 mil entre os 1,5 milhão de automóveis das sete cidades. Segundo especialistas, a alta idade pode causar uma série de problemas ao trânsito e ao meio ambiente.

A frota mais antiga é a de Rio Grande da Serra, onde 44% dos automóveis têm mais de duas década de fabricação, seguida por Diadema (40%), Mauá e Ribeirão Pires (ambas com 39%), São Bernardo (36%) e Santo André (35%). Em São Caetano, 31% dos veículos possuem mais de 20 anos, sendo a média mais baixa da região.

O professor da FECFAU-Unicamp (Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual de Campinas), Creso de Franco Peixoto, diz veículos nessa faixa de idade já avançou consideravelmente a vida útil, o que faz com que o cuidado médio com manutenções caia, devido aos altos custos, o que aumenta a chance de o automóvel quebrar.

O especialista cita que, em 2024, passou a serem obrigatórios nos veículos itens como ABS (sistema que controla as frenagens) e airbags, ou seja, carros de antes do período também correm risco pela falta destes elementos.

“Em veículos com mais de 20 anos provavelmente não se tem catalisador e isso gera um tipo de poluição, com efeitos que hoje ainda não estão muito claros. Automóveis com essa idade protegem menos, poluem mais, grande parte deles não tem ABS e airbag e tendem a não ser bem mantidos, quebrando em vias públicas” afirma Peixoto. “No Brasil chegou-se a pensar em um projeto sobre o governo federal financiar a troca, por meio de financiamento, mas não avançou.”

Segundo o especialista, o Brasil tem hoje quase metade de sua frota com mais de 10 anos. Creso afirma que não vê “nenhum projeto saindo da gaveta”, não havendo discussões entre os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) em relação ao tema. “A importância da renovação de frota é diminuir os riscos e o índice de feridos e mortos. Além de ar mais limpo, menos veículos quebrando em vias públicas, o que gera mais fluidez”, finaliza o professor.

Atualmente, a frota de veículos em circulação no Brasil apresenta uma idade média de quase 11 anos, de acordo com levantamento do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores). “Entre os veículos pesados, essa marca é ainda mais preocupante, porque a idade média dos caminhões brasileiros ultrapassa 11 anos. E esta é a categoria que se envolveu nos acidentes com maior gravidade para as vítimas”, critica Daniel Bassoli, diretor executivo da Fenive (Federação Nacional da Inspeção Veicular).

O governo federal não retornou os questionamentos do Diário sobre ações para renovação de frota.

Programa de renovação é discutido

O Governo Federal, em parceria com a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), associação que representa as fabricantes de veículos automotores no país, criaram um grupo de discussão para elaborar um programa de renovação de frota de veículos pesados. A iniciativa foi revelada por Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, ao portal Transporte Moderno, durante a cerimônia de inauguração da nova sede da associação, realizada na última sexta-feira (12).

A medida visa fortalecer o Programa Mover (Mobilidade Verde e Inovação), que tem como objetivo estimular a indústria automotiva nacional. Lima ressaltou a importância de um programa de renovação de frota para a descarbonização.




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