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Paciente acusa violência obstétrica no Hospital da Mulher de S.Bernardo
Thainá Lana
19/04/2024 | 08:05
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FOTO: Celso Luiz/DGABC


Em menos de uma semana, mais um episódio de negligência contra gestantes é denunciado no Hospital da Mulher de São Bernardo. Desta vez, o caso ocorreu em julho de 2023, e a paciente alega que sofreu violência obstétrica durante o parto. 

A técnica de enfermagem, Kimberlly Macedo Katzenwadel, 27 anos, diz que a equipe médica induziu o parto normal por nove horas mesmo sem a dilatação necessária – ela estava inicialmente com seis centímetros. No dia 23 de julho, a gestante deu entrada na unidade hospitalar, pois estava expelindo um líquido e estava com poucas contrações.

“Não estava em trabalho de parto. Mesmo assim, eles me deixaram internada e começaram a fazer a cada 30 minutos exames de toque para verificação da dilatação do colo do útero e de cardiotocografia para avaliação do bem-estar fetal. Comecei a sangrar e sentir muita dor devido aos procedimentos, e em todo momento insisti que não estava em trabalho de parto, e que gostaria de fazer cesária”, explicou Kimberlly. 

A médica responsável informou a paciente que seria necessária a indução do parto normal porque a dilatação teria aumentado para seis centímetros e as contrações não estavam ritmadas, condição que poderia afetar a saúde do bebê. “Toda hora entrava e sai gente da sala, cada hora uma pessoa colocava a mão em mim, foi um pesadelo. Piorou quando chegou uma nova médica que tinha acabado de assumir o plantão, ela colocou a mão inteira em mim e ficava tentando girar meu filho lá dentro”, desabafou. 

Durante a indução de parto, Kimberlly alegava que tinha direito à cirurgia cesariana e que não aguentava mais o procedimento, pois estava com muita dor. “A médica disse que iria utilizar o fórceps (instrumento para auxiliar a retirada do feto) e eu implorei para não usar porque estava com medo de machucar meu filho já que ele não estava na posição para sair. Ela me disse que tudo que estava acontecendo era minha culpa, porque não sabia parir o bebê, que era só fazer força”, lamentou a são-bernardense. 

A indução do parto durou das 8h às 17h, e após diversas tentativas, foi realizada uma cesária de emergência. – o menino nasceu às 17h40 com leve hematoma na cabeça e na mão. O episódio abalou a saúde e o psicológico de Kimberlly, que mesmo após oito meses do ocorrido sente dores ao urinar. 

“Nunca mais voltei a um hospital, tirei meus pontos sozinha em casa. Passei com a psicóloga do hospital e ela me disse que era normal, e acabei nem registrando BO (Boletim de Ocorrência). O meu parto foi horrível, só queria que acabasse, não sei quantas vezes pedi para morrer durante o procedimento. Não pretendo ter mais filhos, ele é a minha bênção, mas não quero nunca mais passar por isso”, finalizou. 

Até o fechamento desta edição, a Prefeitura de São Bernardo não se manifestou sobre o caso. 




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