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Descaso do Paço de Diadema resulta em morte em hospital

Paciente de ala psiquiátrica despenca do nono andar da unidade de saúde Dra. Zilda Arns Neumann, administrada pela gestão Filippi Júnior

Beatriz Mirelle
02/04/2024 | 08:47
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FOTO: Reprodução


Localizada no nono andar do Hospital Municipal de Diadema Doutora Zilda Arns Neumann, no Piraporinha, a ala psiquiátrica da unidade não possui os equipamentos necessários para garantir a segurança dos munícipes que necessitam de atendimento. As grades de alumínio e as janelas com vãos demonstram a falta de cuidado da Prefeitura de Diadema com o local. Descaso esse que resultou em tragédia no último domingo, quando um jovem de 27 anos, diagnosticado com esquizofrenia, morreu ao passar por janela da ala e despencar. O caso foi registrado como suicídio. Já a família afirma que o desejo do homem era fugir do hospital. 

“É de total irresponsabilidade colocar a área psiquiátrica do único hospital municipal de Diadema no nono andar. Estamos falando de uma estrutura hospitalar com dez andares. Constatei que as grades no local são de alumínio, frágeis. No banheiro tem um vão (na grade de proteção da janela) que possibilita o acesso de qualquer pessoa. O jovem já tinha manifestado para a família que não queria ficar mais no hospital, que iria fugir. E foi o que ele fez”, relata o vereador de Diadema Eduardo Minas (PROS). 

Diante do fato, o parlamentar decidiu oficiar o MP (Ministério Público) sobre o caso. “É importante lembrar que esse hospital não tem o laudo de vistoria do Corpo de Bombeiros. Como vereador, vou apresentar esse acontecimento ao MP, porque compreendo que se trata de um crime de improbidade administrativa, por parte da gestão do prefeito José de Filippi Júnior (PT). Vamos buscar justiça pela vida desse homem.” 

Em vídeo nas redes sociais de Eduardo Minas, Kaio Felipe, irmão da vítima, relata que o homem estava internado no Hospital Municipal havia duas semanas após ser encaminhado pelo Caps (Centro de Atenção Psicossocial). 

“Ontem (domingo), aconteceu com o meu irmão, mas tem outras pessoas lá dentro com o mesmo problema ou até pior, que precisam de cuidados. São seres humanos. Não é legal o descaso dessa forma. Eu falo pela área da psiquiatria, onde meu irmao estava, mas, em geral, a gente vê que há um descaso com a população. A estrutura (do hospital) não é lá das melhores. Nosso município está recebendo (dinheiro) pelo CEU (Centro de Educação Unificado de Diadema) e está investindo em muita coisa, mas a saúde também é importante. Peço que o prefeito se manifeste diante dessa situacao e possa tomar as medidas cabíveis quanto a isso. O que podemos fazer nesse momento é relatar os fatos sobre o prédio e as condições desumanas em que se encontram as pessoas lá dentro”, desabafou Kaio Felipe.

Eduardo Minas explica que a iniciativa de oficiar o MP tem como objetivos garantir a proteção dos demais pacientes e assegurar que casos como esse não se repitam. “Infelizmente a vida da vítima não volta. Uma tragédia dessa não pode acontecer novamente. Queremos que os responsáveis pela administração pública respondam pelo crime de improbidade, por colocar pacientes da ala psiquiátrica no nono andar sem as devidas condições de segurança. São munícipes que estão em busca de tratamento adequado. Vamos buscar a responsabilidade direta do gestor público na figura do prefeito.” 

O sepultamento da vítima foi realizado ontem no Cemitério Jardim Vale da Paz, no Eldorado, em Diadema. 

Em nota, a Prefeitura lamentou o ocorrido com o paciente e declarou que tem colaborado no trabalho de investigação da Polícia Civil. “A administração se solidariza e tem prestado todo suporte aos familiares do paciente neste momento de tristeza e luto. A Prefeitura também tem prestado cuidado aos profissionais do hospital, em especial aqueles do setor de saúde mental/psiquiatria, mais próximos do atendimento ao paciente.” 

Ainda segundo o comunicado, a ala psiquiátrica do hospital “dispõe de toda estrutura para atendimento dos pacientes conforme preconizam as normas do Ministério da Saúde, bem como possui profissionais capacitados para atendimento dos pacientes”.




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