Fale de nós quem quiser falar, mas com os Rafale o ministro Jobim e o presidente Lula estão pertinho do céu
É Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro. Fale de nós quem quiser falar, mas com os Rafale o ministro Jobim e o presidente Lula estão pertinho do céu.
Comprando os caças supersônicos franceses, os mais caros que participaram de nossa concorrência internacional, o Brasil mostrou uma série de virtudes:
1 - É soberano. Escolheu sozinho. Os Rafale são caros mas são nossos. E só nossos: nenhum outro país quis comprá-los da França.
2 - Está com a economia em ordem. Países menos afortunados, como a Índia, anunciam ter recebido ofertas do Rafale por bem menos do que o Brasil pagou, e até agora o recusaram, por achá-lo caro. Aqui não se faz economia de tostões.
3 - O Brasil faz sua parte na luta contra a crise internacional. A fabricante do Rafale, que andou tendo problemas, agora respira tranquila. Além disso, o Brasil salvou alguns milhares de empregos na França, nossa aliada.
4 - O Brasil, caso raro entre os países latino-americanos, demonstra o predomínio dos civis sobre os militares. Não deu a menor bola para o relatório da Aeronáutica sobre a concorrência, que colocou o Rafale em terceiro lugar e o sueco Grippen em primeiro; militar, aqui, obedece às ordens do ministro civil, mesmo que o ministro adore vestir uma farda camuflada tamanho GG - XL, certamente fabricada sob medida, para acomodar tanta musculatura.
E, se o Brasil comprou da França um porta-aviões que, em dez anos de operação, passou quatro no estaleiro, por que iria reclamar dos supersônicos?
QUESTÃO POLÍTICA
Esqueça essa história de que Aécio Neves vai esperar as pesquisas do fim do semestre para definir se será ou não vice de José Serra na campanha presidencial. Política é diferente: se, no momento da decisão, Serra estiver mal nas pesquisas, Aécio não aceitará ser seu vice. Mas, se Serra estiver bem, ele é que não aceitará Aécio. Há um momento político em que a entrada de Aécio na chapa terá influência eleitoral. Depois de definidas as tendências, Aécio fica mesmo em Minas.
A SORTE DE TEMER
O presidente da Câmara, Michel Temer, pode não ser o candidato preferido de Lula para a vice-presidência da República. Pode não ter realizado aquela que seria sua vocação manifesta: mordomo de filme de terror. Pode não ter conseguido realizar o sonho de derrotar Orestes Quércia no PMDB de São Paulo. Porém é um homem de sorte e tem motivos para festejar. Na abertura do Congresso, Dilma Rousseff beijou vários deputados. Mas Temer, embora próximo, foi poupado.
É GAY. VAI ENCARAR?
O general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho, candidato ao Superior Tribunal Militar, acha que homossexuais não devem integrar as Forças Armadas. O almirante Álvaro Luiz Pinto é menos radical: diz seguir um teólogo francês para quem a Igreja Católica podia ter gays, desde que seguissem o voto de castidade.
Besteira dos dois. Alguns dos grandes guerreiros da história eram homossexuais notórios e sabiam tudo de guerra. Como Alexandre, o Grande, que foi da Macedônia à Índia, de conquista em conquista; ou o romano Júlio César, que se qualificava como "marido de todas as mulheres e mulher de todos os maridos". Ou Alcebíades, herói de Atenas e de Esparta, que foi apaixonado por Sócrates. Ou Pausânias, que sucedeu Leônidas no trono de Esparta e derrotou os persas, e considerava o homossexualismo "uma forma superior de manifestação amorosa".
Não está na hora de parar de discutir temas para os quais a história já deu resposta e cuidar do armamento e treinamento das Forças Armadas?
BOLA DE CRISTAL
Por falar nisso, ainda é um pouco cedo para dar às pesquisas eleitorais, no País ou nos Estados, uma importância excessiva. A rigor, pesquisa passa a valer mesmo a partir do início do horário eleitoral gratuito, quando a campanha eleitoral atinge a massa do eleitorado. E até isso às vezes falha: há um caso clássico, em que o presidente norte-americano Harry Truman, vitorioso na campanha de reeleição, posa com um jornal que previa em manchete a vitória do adversário. Aqui mesmo políticos como Luiza Erundina, Maria Luíza Fontenelle e Jaques Wagner perderam feio nas pesquisas e ganharam bonito nas urnas.
A NOSSA SORTE
Boas notícias também são notícia:
1 - o ministro da Justiça, Tarso Genro, deixa o cargo na quarta-feira.
2 - o candidato que indicou para seu posto, o deputado José Eduardo Cardozo, que nos faria sentir saudades dele, parece ter sido preterido pelo secretário-geral do ministério, Luiz Paulo Barreto. Só isso já representa um avanço.
A LEI VAI PEGAR, SIM
Desde o ano passado, está em vigor em São Paulo uma lei que obriga as concessionárias de serviços públicos a emitir a quitação anual do pagamento dos consumidores. Com isso, a população fica livre de acumular recibos velhos. Mas as concessionárias estão fingindo que não é com elas. O deputado estadual tucano Fernando Capez, autor do projeto, acaba de representar à Procuradoria da Justiça exigindo que a lei seja cumprida. Vale a pena acompanhar a boa iniciativa.
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