Sem produzir seus icônicos brinquedos, como o Forte Apache, desde a década passada, quando pediu recuperação judicial por não conseguir honrar seus compromissos financeiros, a fábrica de Brinquedos Gulliver vai a leilão. A medida, que pretende arrecadar ao menos R$ 74,7 milhões para quitar parte de suas dívidas, é o último suspiro de mais um dos tradicionais símbolos de São Caetano. Nos últimos anos, a cidade tem enfrentado um acelerado processo de degradação de algumas das marcas que fazem parte da memória afetiva dos moradores. Chama a atenção a falta de reação por parte das autoridades que administram o município.
É com profundo pesar que os cidadãos testemunham o leilão da Gulliver, que marca mais um capítulo triste na história econômica de São Caetano. O município, outrora próspero polo industrial, vê o desaparecimento de ícones que há décadas sustentavam a identidade local. A falência da Chocolates Pan e a saída da Casas Bahia, que trocou pela Capital o solo em que tinha sido fundada em 1952, já haviam deixado marcas dolorosas na população. A decadência se estende até mesmo ao cenário esportivo, como evidenciado pela situação em que se encontra a AD São Caetano, outrora renomado clube de futebol, vice-campeão das Américas, que agora luta para manter sua posição no cenário nacional.
O que mais preocupa e angustia o morador é que não há nenhum movimento da administração pública, atualmente comandada pelo prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), já em seu quarto mandato, que tente estancar o processo de destruição da identidade municipal. Neste cenário de ocasos, é preciso refletir sobre o que essas mudanças representam para a história de São Caetano. É necessário buscar soluções que possam revitalizar a economia local, preservar a memória das instituições que se foram e oferecer novo fôlego ao orgulho são-caetanense. A cidade merece mais do que se tornar um registro nostálgico de sua glória passada. Urge iniciar a construção de futuro mais promissor.
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