Cerca de 2,5 mil pessoas acompanharam o cortejo com a imagem da santa Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro Eldorado, em Diadema, neste domingo à tarde. A tradição na cidade, que vem desde 1953, foi repetida por 21 barcos, que atravessaram a represa Billings, do Clube Náutico do Acampamentos dos Engenheiros, no Riacho Grande, São Bernardo, até o braço conhecido como Vale da Paz, no Eldorado, em Diadema. Segundo o Corpo de Bombeiros, 150 pessoas estavam nas embarcações.

Terminada a travessia pela represa, começou a procissão por terra. As pessoas acompanharam o cortejo, repetindo as orações feitas pelo padre Odair Angelo de Agostín, que há 14 anos está na igreja de Nossa Senhora dos Navegantes.

“Parece um milagre que depois de uma semana de tempo ruim e muita chuva tenha feito um dia bonito como o de hoje (domingo)”, disse o padre Odair, apontado como um dos responsáveis pela retomada da tradição na comunidade, que entre os anos de 1978 e 1995 foi suspensa em função de protestos contra a poluição das águas da Billings. “Resgatar essa celebração religiosa tem trazido de volta, ano após ano, o lado turístico de Eldorado. Com isso, as pessoas estão cada vez mais conscientes quanto à importância da represa.”

O destino final da imagem da padroeira foi o Parque Ecológico do Eldorado, localizada em frente à igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, onde foi realizada uma missa campal, que contou com a presença do prefeito José de Filippi Júnior, acompanhado da mulher e do filho.

Assim como o padre Odair, o prefeito ressaltou a importância do evento como forma de valorizar a cultura local do bairro Eldorado. “Esta festa restabelece a qualidade de vida dessas pessoas porque celebra, ao mesmo tempo, a religião, a cultura e a consciência ecológica da população”, afirmou.

Devoção – Para alguns devotos de Nossa Senhora dos Navegantes, o poder da fé vai além da proteção suplicada pelos cristãos da Idade Média. Segundo a dona de casa Maria Nunes da Cruz Ribeiro, 63 anos, que pelo segundo ano tenta, sem sucesso, embarcar no mesmo veleiro que carregou a imagem da padroeira, a recuperação de sua filha após um atropelamento foi obra de uma milagre concedido pela santa.

“O médico havia desenganado minha filha, mas não perdi as esperanças e pedi à nossa senhora que a salvasse. Ela me atendeu e, desde então, a considero uma mãe para mim”, disse a dona de casa emocionada ao ver a imagem partir de São Bernardo.

Já o aposentado Augustinho Dias da Silva, 83 anos, teve mais sorte: pela quarta vez conseguiu uma vaga na embarcação que carregava a padroeira. “Mas não é só hoje que me lembro de nossa senhora. Agradeço todos os dias às graças concedidas por ela como, por exemplo, a paz da minha família.”

A devoção da Nossa Senhora dos Navegantes é cultuada desde a Idade Média por cristãos que pediam a proteção da Virgem Maria para atravessar o Mar Mediterrâneo em direção à Palestina.