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Pesquisadores estudam 'sombra ideal'
Márcia Pinna RaspantiDo Diário do Grande ABC
03/03/2001 | 17:31
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A Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp estuda, há mais de três anos, as espécies de árvores que proporcionam maior isolamento térmico através da sombra de suas copas. Num primeiro momento, a pesquisa analisou cinco espécies – sibipiruna, ipê roxo, magnólia, chuva-de-ouro e jatobá – para determinar a sua capacidade em reduzir os efeitos da radiação solar.

Dentre as espécies selecionadas para a fase inicial, a sibipiruna foi a que obteve maior grau de atenuação da radiação solar (88,5%), depois vieram o jatobá (87,2%), a chuva-de-ouro (87,3%), a magnólia (82,4%) e, por último, o ipê roxo (75,6%).

Durante cinco dias, a pesquisa mediu o nível de radiação solar, temperatura e umidade na sombra e ao sol, em condições ideais, para calcular a média de cada espécie. O aparelho usado para a obtenção destes dados é o solarímetro, geralmente empregado em trabalhos ligados à agronomia.

Conforto – A coordenadora do trabalho, a física Lucila Chebel Labaki, chefe do Departamento de Arquitetura e Construção da Faculdade de Engenharia Civil, disse que a maior preocupação da pesquisa é relativa à qualidade de vida das pessoas. “Um carteiro, por exemplo – ou qualquer outro profissional que trabalhe na rua – também merece ter um local fresco e agradável para descansar”, disse.

Segundo Lucila Labaki, o estudo procura avaliar quais as espécies mais adequadas a este fim. “Há muitos trabalhos sobre conforto térmico em ambientes fechados, mas não havia nada relacionado aos espaços abertos. Acho que é um fator que deve ser levado em conta na hora de se pensar sobre arborização urbana”, disse.

Lucila Labaki lembrou que as características que são consideradas no momento de se escolher uma espécie a ser plantada em calçadas, jardins ou parques são o porte, o tamanho das raízes e a limpeza. “Há uma preocupação de que a espécie não danifique a fiação ou a pavimentação e que não traga sujeira (folhas no chão, por exemplo)”, disse.

A bióloga Rozely Ferreira dos Santos, professora do Departamento de Saneamento e Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil e colaboradora da pesquisa, acredita que os resultados obtidos podem ajudar a escolher a vegetação a ser usada nas cidades. “É comum se plantar uma árvore em calçadas ou parques com o objetivo de oferecer sombras que tragam conforto aos habitantes. Por isso, é importante descobrir o tipo mais apropriado para esta função”, disse.

O estudo concluiu que vários fatores influenciam o conforto térmico proporcionado pelas árvores. Além das variantes ambientais (temperatura, umidade e velocidade do ar, luminosidade etc.) e pessoais, (roupas usadas e atividade física) as características estruturais das plantas (como tamanho, formato e cor das folhas, densidade e tamanho da copa) devem ser consideradas.

O trabalho, financiado pela Fundação de Aparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), prevê o estudo de mais 15 espécies, isoladas ou em conjunto, e deve estar concluído até o fim deste ano. Mais cinco árvores já estão sendo analisadas – skinus mole, quaresmeira, bauínea, cedro e sombreiro –, mas, os resultados ainda não foram divulgados.




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