A Secretaria Estadual de Saúde deve enviar até sexta-feira 5 mil frascos de insulina para os postos de saúde de Santo André, São Bernardo e São Caetano, cidades de maior demanda que foram prejudicadas com a falta do medicamento. O envio, porém, alertou a secretaria, depende do recebimento do lote emergencial de 70 mil doses, prometido na terça-feira pelo Ministério da Saúde. Segundo o Ministério, “problemas no fluxo de produção do laboratório responsável pela produção da insulina (Biobrás, que é o fornecedor do governo) causaram falhas no repasse da insulina ao Estado de São Paulo”. O que, segundo a secretaria, prejudicou todo o cronograma de distribuição do medicamento aos municípios e, conseqüentemente, à população.

Segundo a secretaria, além deste lote, mais 2,5 mil frascos virão no próximo dia 28 e mais 57 mil no dia seguinte. A demanda por mês na região é de 17 mil frascos. Um total de 9,5 mil frascos já foi enviado para a região (deslocados de outras áreas) e, com a nova remessa, o problema deverá ser sanado.

Nesta quarta-feira, o diretor-executivo do laboratório Biobrás (que pertence ao grupo dinamarquês Novonordisk), Marcelo Garcia do Ó, afirmou que, de fato, houve um problema com o equipamento de embalagem, que fez com que duas entregas à Secretaria de Saúde de São Paulo – programadas para os últimos dias 7 e 8 – fossem transferidas para o dia 28. No dia 7, viriam para o Estado 35 mil frascos e no dia 8, 143 mil. Segundo ele, porém, a mudança de datas é algo previsto no processo de entrega. “Houve este problema pontual, mas estamos dentro do nosso compromisso de entrega para o mês, que é o de entregar 324 mil frascos até o dia 29, e iremos cumpri-lo”, disse.

Para a secretaria estadual, no entanto, a falha nas duas entregas prejudicou a distribuição. O Ministério da Saúde afirmou nesta quarta-feira que “buscou resolver o problema o mais rápido possível (com o envio do lote emergencial) e que irá apurar os fatos junto ao fornecedor para que esta falha na entrega não volte a ocorrer”.

Espera – Enquanto isso, pessoas como a dona de casa Zilda Baracioli Desani, 65 anos – diabética há três anos e que toma 30 ml de insulina todos os dias – continuam à espera do medicamento. “Não posso comprar porque já tenho de comprar outros remédios”, disse.

Com uma taxa de diabetes de 400 mg/dl e tomando 60 ml de insulina diariamente, a tecelã aposentada Maria Furlan Ramos, 77, está na mesma situação. “Ganho um salário de aposentadoria. Não tenho condições de comprar o remédio todo mês.” Nas farmácias, um frasco de insulina com 10 ml – que pode durar um mês para quem toma uma dose diária – custa entre R$ 22 até R$ 87, dependendo da marca.