Setecidades Titulo Evento de hip hop
Organizador da Batalha da Matrix é multado em R$ 15 mil

Equipe irá recorrer hoje da penalidade e denuncia perseguição da Prefeitura de São Bernardo ao evento

Thaina Lana
21/06/2022 | 09:07
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Claudinei Plaza/DGABC 3/5/22


Tradicionalmente conhecida no cenário Hip Hop do Estado,a Batalha da Matrix, promovida há quase 10 anos na Praça da Matriz, na região central de São Bernardo, tem participado de diversos entraves com a prefeitura da cidade nos últimos anos. O episódio mais recente ocorreu na semana passada, quando um dos organizadores do evento, Lucas do Vale, recebeu duas multas que somam pouco mais de R$ 15 mil, por conta do volume do som.

A penalidade foi encaminhada diretamente para residência do organizador do evento, que irá entrar hoje com recurso contra a penalidade. Entre as alegações apresentadas para invalidar as duas multas está a maneira como foi realizada a medicação dos decibéis. Segundo Lucas, a equipe possui imagens dos guardas da GCM (Guarda Civil Municipal) fazendo a aferição a menos de 10 metros da origem do som.

Além do recurso, hoje também será realizado protesto dos organizadores e frequentadores do evento. Após a batalha de MCs, que ocorre às 19h, o grupo deverá caminhar até o Paço Municipal, com placas e cartazes sobre a multa e outras medidas promovidas pela Prefeitura contra a batalha rimas, além de pedir por mais diálogo com a administração.

Em justificativa, o Paço são-bernardense afirmou que a multa aplicada ao evento se deu pelo descumprimento da Lei Municipal de número 6.323 de 2013, que estabelece níveis sobre o controle de ruídos.

"A legislação veda a utilização de equipamentos de som, como forma de evitar transtornos aos moradores do entorno. A Administração reitera que a utilização de praças é livre a qualquer cidadão, mas a realização de eventos depende de autorização, conforme previsto em lei. A Prefeitura presta apoio à Batalha da Matrix, por meio da GCM, com intuito de evitar o consumo de bebidas alcoólicas por menores de idade e o uso de drogas, como ocorria no passado", alegou a prefeitura da cidade.

Eder Alexandre, um dos organizadores da batalha, rebateu a justificativa da administração. Para ele, a gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB) utiliza forças de segurança como maneira de intimidação aos participantes e ao público que frequenta a batalha, que recebe em média presença de 800 a 1.000 pessoas por noite.

"O problema não é a presença da GCM, mas sim o tamanho do efetivo que é designado para acompanhar a batalha. Eles (prefeitura) alegam que é para coibir a venda e o uso de drogas e bebidas a menores de idade, porém não vendemos nenhum tipo de produto, é mais uma maneira para tentar criminalizar a batalha", reforça.

O organizador atribui ainda as outras ações de São Bernardo, como a proibição ao uso da energia elétrica da praça e a incitação para mudança de local, como ações que fazem parte do racismo estrutural da administração.

"Quando um evento cultural tem como apoio público apenas o braço armado, fica nítido a questão de perseguição do racismo, que é reproduzido por meio dessas políticas. A batalha de rimas é oriunda dos negros e assim como outras modalidades, como o samba e capoeira, já passaram por perseguições do por parte do Estado. Além de difundir a música e a cultura do Hip Hop, temos direito a cidade e queremos ocupar o espaço que é público", desabafa.




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