Mamíferos surgiram pouco antes da pandemia, se multiplicaram e chamam a atenção da comunidade entre uma aula e outra
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Pequenos primatas da espécie Callithrix sp, conhecidos como saguis-de-tufobranco, viraram atração entre uma aula e outra na EE (Escola Estadual) Niceia Albarello Ferrari, no Centro de Diadema. Os cinco macaquinhos, que supostamente pertencem à mesma família, apareceram há dois anos na unidade de ensino, aproveitando espaço arborizado perto do pátio e, atualmente, já fazem da rotina de alunos e professores da escola, que conta com quase 700 estudantes.
Discretos e silenciosos, os macacos conseguem passar despercebidos entre os galhos e plantas no alto das árvores, e foi preciso olhar atento de quem estuda sobre o tema para notar a presença dos mamíferos. A professora de biologia Lilian Teixeira Cardoso, 34 anos, foi quem identificou a presença de um indivíduo no começo de 2020. Um mês depois a escola precisou ser fechada por conta da pandemia da Covid-19, e os macacos começaram a aparecer com mais frequência devido à ausência das pessoas no local.
"Na primeira vez que vi era apenas um sagui e hoje eles já aparecem em família. Mesmo crescendo em área urbana eles não costumam se aproximar muito das pessoas, preferem evitar o contato direto com humanos", explica a docente, que trabalhou por mais de três anos no zoológico da Capital. Nas aulas de biologia, ministradas para os alunos do ensino médio, Lilian aborda a importância de cada indivíduo para o ecossistema, incluindo os saguis.
A professora ainda ressalta com seus alunos a importância de não alimentar os primatas, e evitar contato direto com a espécie. "Para garantir a segurança do animal e da própria pessoa não se deve mexer com nenhuma espécie que não seja domesticada. Reforçamos com os estudantes que não é para dar nenhum tipo de alimento para os saguis, que são animais silvestres.
Por conviver com eles, os alunos já se acostumaram, não é nenhuma grande novidade", pontua Lilian. Por viver em área urbana, mesmo com alguma vegetação, a família de saguis possui alimentação bem ampla, com frutas, sementes, pequenos vertebrados e invertebrados, gomas de árvores e até insetos. Devido à extensa variedade de alimentos disponíveis o crescimento populacional dessa espécie também aumenta com maior agilidade, conforme explica a professora de biologia. "Eles não fazem a dieta natural da espécie, e por mais que o crescimento populacional seja mais acelerado nos grandes centros, o seu tempo de vida também é reduzido", conta Lilian, que ainda explica o porquê da presença dos animais na escola.
"Eles se refugiam nos espaços com maior concentração de área verde, então, por mais que aqui tenha uma vasta extensão de árvores eles acabam ficando ilhados em um só lugar, sem possibilidade de migração para outros espaços", finaliza.
PELO BAIRRO
Além dos muros e árvores da escola, os saguis também transitam por casas e prédios ao redor da escola. Os moradores do condomínio Ilhas Gregas, edifício localizado ao lado da instituição de ensino, estão acostumados a alimentar os macacos com frutas, principalmente maçã e banana, apesar da contraindicação apontada pela professora.
Zelador há quatro anos do condomínio, Sandro Ramos de Albuquerque já chegou a colocar alimentos nas árvores para os saguis. Ele conta que a presença dos animais não incomoda os vizinhos, e que mesmo com as janelas abertas os primatas não entram nos apartamentos. "Eles são muito discretos, não gostam de contato, e só aparecem mesmo para comer, porque já sabem que os proprietários jogam comida pela janela. Eles nunca causaram nenhum tipo de problema", contou Albuquerque.
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