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‘Ele não precisava’, diz mãe de mototaxista morto em acidente

Henrique Pavan, 27 anos, fazia o serviço quando foi atingido por um carro em S.Bernardo no dia 8

Gabriel Gadelha
Especial para o Diário
22/06/2025 | 07:00
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FOTO: Celso Luiz/DGABC
 FOTO: Celso Luiz/DGABC Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra


O professor Henrique Pavan, 27 anos, morreu no início deste mês após sofrer um grave acidente de trânsito, em São Bernardo. Ele pilotava uma motocicleta durante a realização de uma corrida por aplicativo. A mãe da vítima, Márcia Pavan, funcionária pública da Prefeitura de São Bernardo, falou ao Diário sobre a dor da perda, a trajetória do filho e a revolta com a forma como tudo aconteceu. Emocionada, ela lembrou que o filho não precisava realizar o serviço de mototáxi. 

“A gente falava: ‘Filho, você tem seu trabalho, não precisa disso’. E ele respondia: ‘Eu não preciso, mas as pessoas precisam de um transporte mais rápido e mais barato’”, contou. O jovem foi atingido por um carro que invadiu a contramão na Rua Giacinto Tognato, no bairro Baeta Neves. O passageiro que estava na garupa sobreviveu e permanece internado. O motorista do carro é investigado.

Henrique era professor de inglês e dava aulas em uma escola em São Caetano. Segundo Márcia, ele ganhou a moto no aniversário deste ano, em 8 de março, justamente para facilitar o deslocamento até o trabalho. Foi com esse veículo que ele decidiu se cadastrar em aplicativos de transporte para realizar corridas no trajeto de volta para casa. 

No sábado (8), dia do acidente, Henrique havia jantado com a família e saiu para atender a um chamado. Pouco depois, foi atingido por um veículo modelo Opala que, segundo relatos, trafegava em alta velocidade e na contramão. O jovem foi socorrido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao Hospital de Urgência de São Bernardo, onde permaneceu consciente por algumas horas, mas não resistiu aos ferimentos. “Dentro da ambulância, ele ainda conseguiu dizer: ‘Foi um Opala, veio na contramão e atingiu a gente’”, relembrou Márcia.

O motorista do carro não prestou socorro, de acordo com a mãe da vítima. “Em nenhum momento ele chegou até mim, se apresentou, disse ‘fui eu’. Depois, mandou mensagens por WhatsApp. Nunca me procurou pessoalmente. Foi covarde”, desabafou.

Márcia também relatou que houve demora para a transferência de Henrique a um hospital com capacidade cirúrgica. “Quando conseguiram uma vaga, já não podia mais transferir por causa da gravidade. Pensamos até em levá-lo para um hospital particular, mas não deu tempo.”

Apesar da dor, a mãe de Henrique lembra com carinho do filho. “Ele era íntegro, era luz, falava quatro línguas e tinha um senso de justiça enorme. Meu filho não merecia isso”, afirma Márcia. Ela cita detalhes, como a paixão que o rapaz tinha pelo time do coração, o São Paulo FC. 

Henrique era morador de São Bernardo e vivia com os pais. A família ainda tenta lidar com o luto e espera por respostas do inquérito instaurado no 6º DP (Distrito Policial) da cidade. O caso foi registrado como homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.

A família não soube informar para qual empresa Henrique prestava serviço. A 99 não respondeu à reportagem até o fechamento desta edição. A Uber informou que, com apenas nome e sobrenome, não é possível confirmar o cadastro do condutor.




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