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Escola evita falar de pedófilo a pais e alunos
Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
30/05/2012 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Os docentes e a direção da Escola Municipal Cora Coralina, no Jardim Estrela, em Mauá, evitaram comentar com alunos e pais a prisão do professor de Ensino Fundamental José Vílson de Sousa, 46 anos, acusado de produzir, armazenar e simular material pornográfico com menores de idade. A polícia encontrou parte do acervo dentro de seu armário na instituição, em meio a provas e livros didáticos. Funcionários reconheceram alguns estudantes da escola nas montagens feitas por ele.

"Até que tudo se resolva, vamos evitar comentar esse assunto com as crianças. É melhor", disse um funcionário do local. Para os pais, a ausência do professor ontem foi vista de forma estranha. Mas nenhum dos ouvidos pelo Diário sabia do ocorrido. "A gente tem o direito de saber se aconteceu algo com nossos filhos", disse uma mãe, por telefone.

A tentativa de minimizar a história será mantida até que a direção consiga identificar junto à polícia a presença de mais alunos nas montagens pornográficas produzidas por Sousa, ou mesmo confirmar se de fato não houve abuso sexual. Por enquanto, as fotos de crianças nuas encontradas em poder dele não foram identificadas como sendo de estudantes.

O professor é descrito como rígido e autoritário pelas crianças. "Ele cobra muito e dá notas baixas", disse um menino de 11 anos, que estuda na sala onde ele lecionava. Nenhum deles relata ter visto algo fora do normal. Apenas confirmam que Sousa tinha como hábito tirar fotos. "Tudo ele batia uma foto, mas nunca deixava a gente ver."

Ninguém imaginava, no entanto, qual era o destino daquelas imagens. A vendedora Gilda Nascimento, 22, disse ter ficado enjoada ao ver que dois dos oito books que ele tinha eram com montagens de seu irmão, atualmente de 12 anos. "Esse cara chegou a ir ao enterro da minha mãe. Achávamos que era um amigo", afirmou. Mesmo com o menino mudando de escola, Sousa manteve contato pela internet. Sempre solícito, ajudava nos deveres e mentia dizendo ser casado.

Os próprios familiares de Sousa estão chocados. Ele é formado em dois cursos superiores e sempre foi visto como estudioso. "Era o nosso orgulho", disse um deles. Sempre trancado em seu quarto, nunca teve namoradas ou amigos. Era fechado. Antes de ser empregado pela Prefeitura, dava aulas e jogava futsal na região. Toma remédios psiquiátricos desde os 14 anos. "Temos que ajudá-lo no que for preciso", disse o parente.

Em nota, a Prefeitura afirmou que uma sindicância interna decidirá sobre sua demissão. No entanto, não há qualquer prazo definido para isso.




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