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São Paulo metrópole. São Paulo das raças. São Paulo dos paus de arara.
Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
28/01/2022 | 05:39
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A grande Capital aniversaria, confunde-se com cidades vizinhas, entre as quais as do Grande ABC, e os mais antigos lembram a situação que aqui chegaram os nordestinos. O êxodo rural, a busca da sobrevivência e da felicidade.

“Eu um dia cansado que tava da fome que eu tinha, eu não tinha nada que fome que eu tinha, que seca danada no meu Ceará. Eu peguei e juntei um restinho de coisas que eu tinha: duas calças velhas e uma violinha e num pau de arara toquei para cá”.
Cf. canção clássica de Ari Toledo

Os registros mais emotivos estão na Imprensa escrita, perpetuados por imagens fotográficas como a de hoje, que Memória foi buscar no Estadão Acervo.

1957. Um caminhão parado no Norte de Minas Gerais. O pau de arara conduz migrantes para o Sul, famílias em busca de dias melhores.

Há um texto significativo no jornal “O Estado de S. Paulo”, edição de 27 de janeiro de 1957. Naqueles parágrafos, uma síntese da situação nordestina, descrita pelo correspondente de João Pessoa, na Paraíba:

A polícia paraibana interferia na emigração de camponeses para o Sul, realizando um serviço de controle dos chamados paus de arara.

O caminhão foi o principal fator de intercâmbio, abrindo o caminho da civilização meridional.

É rara uma família rural que não tem um parente no Rio ou em São Paulo e com ele o estabelecimento de relações afetivas com aqueles grandes centros de produção industrial e comercial.

Era a troca da tapera por uma casa pavimentada, com água encanada e luz elétrica.

O convívio nas fábricas ensinou o migrante a exigir direitos contidos na legislação trabalhista, com jornadas semanais de 48 horas, adicionais sobre trabalho noturno, salários e insalubridade, férias.

Em seu rincão, o nordestino amargava as deficiências de abastecimento. Mesmo a classe média e os proletários viviam comendo as cascas do arroz mais imprestável. O leite em pó tinha preços proibitivos, Vendia-se queijo podre.

Porque o Nordeste é outro mundo, onde se vêm pesquisar, inspecionar, verificar e se estarrecer.

Além da emigração quantitativa, que vai despovoando os campos nordestinos, provocando a escassez de braços, havia a emigração qualitativa, composta dos melhor dotados de iniciativa e desejos de prosperidade.

O mal é do governo e dos que detêm sem aproveitamento faixas imensas da zona úmida – as mais aproveitáveis. Áreas dominadas pelo ócio, displicência ou por uma interpretação de economia às avessas, que pretendia sustentar-se no trabalho escravocrata.

O trabalhador faminto e esfarrapado, arrancava o cabo de enxada e com as unhas um almoço miserável para não morrer de inanição.

O proprietário das terras admitia essa condição como bastante favorável ao decantado eufemismo de fixação do homem à terra.

A boia de salvamento é o pau de arara, a que não devemos arrebatar a mão aflita, que procura agarrar a vida.

ÊXODO. Em Jampruca, norte de Minas Gerais, os paus de arara param para reabastecimento do veículo e dos seus ocupantes. Em outros pontos, a interrupção da viagem é para pernoite. Quem tem dinheiro vai para a hospedaria; os demais dormem embaixo do veículo, ou mato próximo, deixando o caminhão para as mulheres e crianças

Crédito da foto – Oesp, 27-1-1957

DIÁRIO HÁ MEIO SÉCULO
Sexta-feira, 28 de janeiro de 1972 – Ano 14, edição 1752

MANCHETE – Delfim Neto, ministro da Fazenda, obtém financiamento dos Estados Unidos para usina nuclear.

BASQUETE – Seleção brasileira feminina concentra-se em São Caetano para o Torneio Intercontinental que começa em 15 de fevereiro no Ibirapuera. Local da cincentração: Faculdade de Tecnologia Alfredo Rodrigues, Vila Belvedere. Titulares: Elzinha, Delci, Odila, Norminha, Nilza e Jaci; técnico: Antonio Barbosa, de Bauru.

ARAMAÇAN – Saem os campeões do Torneio Pé na Bola: série branca, Os Cafonas; série vermelha, Os Diabólicos; série preta, Beija-Flor.

EM 28 DE JANEIRO DE...

1877 - Anuncia-se a formação de um núcleo colonial do antigo Tijucuçu, hoje Município de São Caetano “do Sul”.

1887 – Lançada a pedra fundamental da Torre Eiffel, em Paris, inaugurada dois anos depois.

1902 – Do correspondente do Estadão na Estação Rio Grande (da Serra): devido aos grandes temporais, o Rio Grande transbordou a ponto de impedir o trânsito nas estradas para cujos aterros já destruídos chamamos a atenção, por diversas vezes, dos poderes competentes; agora resta apelar para... o bispo!

1957 – CTBC (Companhia Telefônica da Borda do Campo) abre inscrição para instalação de telefones nos cinco municípios locais.

Incêndio no 13º andar do edifício da Rua Sete de Abril, 230, em São Paulo, destrói o acervo da Cinemateca Brasileira. A chamada Filmoteca do MAM (Museu de Arte Moderna) possuía verdadeiras raridades que haviam sido encontradas em cinemas do interior ou da Capital, doadas por colecionadores, obtidas mediante trocas ou adquiridas. Perdiam-se os primeiros documentos cinematográficos nacionais, com documentários de um grande período da vida do País.

1987 – Manchete do Diário: São Caetano declara calamidade pública; Estado conta 69 mortos e 9.100 desabrigados pelas chuvas e enchentes da véspera; no Grande ABC, a situação é mais crítica em Mauá; autoridades se declaram impotentes; meteorologia prevê novas chuvas.

1997 – A Câmara dos Deputados aprova a emenda da reeleição.
Nasce em São Bernardo o primeiro neto do cantor Roberto Carlos, João Paulo Braga.

HOJE
Dia do Portuário - lembra a abertura dos portos em 1808 por ocasião da chegada da família real portuguesa ao Brasil.

Dia Nacional de Combate ao Trabalho escravo

Dia do Auditor Fiscal do Trabalho

SANTOS DO DIA
Tomás de Aquino (1225-1274). Doutor da Igreja. Da sua obra, mais de 100 títulos. Frase a ele atribuída: “A ninguém te mostres muito íntimo, pois familiaridade excessiva gera desprezo”.

José Freinademetz

Falecimentos

Santo André

Henriqueta de Godoy Saraiva, 95. Natural de Novo Horizonte (São Paulo). Residia no Parque das Nações, em Santo André. Dia 24. Cemitério Nossa Senhora do Carmo, Curuçá.

Joaquim Amâncio Neto, 92. Natural de Conceição Aparecida (Minas Gerais). Residia no Jardim Santo André. Dia 21, em São Bernardo. Memorial Jardim Santo André.

Augusta Codato Martinez, 91. Natural de Bocaina (São Paulo). Residia no Parque das Nações, em Santo André. Jardim da Colina.

São Bernardo

Isabel Gonzales de Lima, 93. Natural de Jaú (São Paulo). Residia no bairro Santa Terezinha, em São Bernardo. Jardim da Colina.

Iraci Vieira Nascimento, 92. Natural de Penápolis (São Paulo). Residia no bairro Planalto, em São Bernardo. Dia 21. Cemitério dos Casa.

São Caetano

Luigi Campagnuolo, 82. Natural da Itália. Residia no bairro Nova Gerty, em São Caetano. Dia 20. Cemitério São Pedro, Vila Alpína.

Lázaro Evangelista da Cruz, 77. Natural de Braúna (São Paulo). Residia no Parque do Carmo, em São Paulo, Capital. Dia 21. Cemitério das Lágrimas.

Diadema

Otavio Antunes Barreto, 103. Natural de Mairi (Bahia). Residia na Vila Nogueira, em Diadema. Dia 23. Vale da Paz.

Luzia Pineda Huerta, 91. Natural de Neves Paulista. Residia no Centro de Diadema. Dia 24. Vale da Paz.

Mauá

Neusa Maria Alves Ferreira, 81. Natural de Pirajuí (São Paulo). Residia na Vila Assis Brasil, em Mauá. Dia 20, em São Berardo. Vale dos Pinheirais.

Ribeirão Pires

Sergio da Silva Franco, 63. Natural de São Paulo, Capital. Residia no bairro Santana, em Ribeirão Pires. Dia 22, em São Bernardo. Cemitério São José. 




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